Biografia
D. Nuno
Álvares Pereira nasceu em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã
(há cronistas que referem
Flor
da Rosa como local de nascimento)A. É um dos 26 filhos conhecidos do
Prior do Crato, D. Álvaro Gonçalves Pereira e de D. Iria Gonçalves
do Carvalhal. Casou com Leonor de Alvim a 1377 em Vila Nova da
Rainha, freguesia do concelho de Azambuja.
Quando
o Rei Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a
princesa D. Beatriz casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi
um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de
Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de
Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda
de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de
D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos
Atoleiros em Abril de 1384, D. João de Avis nomeia-o Condestável de
Portugal e Conde de Ourém.
A 6 de
Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em
Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa
desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela
invade Portugal com vista a proteger os interesses de sua mulher D.
Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no
terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela,
localizadas principalmente no Norte do país.
Descendência
Do seu
casamento com D. Leonor de Alvim, o Condestável teve 3 filhos, mas
apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim, que
se tornou mulher de D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, dando
origem à Casa de Bragança, que viria a reinar três séculos mais
tarde.
Vida religiosa
Nos
últimos anos da sua vida Nuno Álvares Pereira recolheu-se no
Convento do Carmo, onde morreu. Após a morte da sua mulher,
tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo,
que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno
de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro
de 1431, com 71 anos.
Durante
o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no
Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu
mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a
independência de Portugal.
O
túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O
seu epitáfio era: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador
da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a
sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois
da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras
terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande
Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta
igreja onde descansa o seu corpo."
Há uma
história apócrifa, em que Dom João de Castela teria ido ao Convento
do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual
seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. O irmão
Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua
cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu
país sempre que necessário.
Beatificação e Canonização
Suas
Santidades Bento XV e Bento XVI : aquele o beatificou e este
canonizou-o Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de Janeiro
de 1918 pelo Papa Bento XV, que consagrou o dia 6 de Novembro ao,
então, beato. Iniciado em 1940, o processo de canonização foi
posteriormente interrompido e, em 2004 reiniciado.
No
Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 — acto formal no qual o Papa
pediu aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já
concluídos —, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a
canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com 4 outros
novos santos. O processo referente a Nuno Álvares Pereira
encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após
sua beatificação.
Nuno
Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria por Sua
Santidade Bento XVI em de 26 de Abril de 2009.
A
Conferência Episcopal Portuguesa em nota pastoral sobre a
canonização de Nuno de Santa Maria: "(...) o testemunho de vida de
D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da
fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e
solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a
uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação
da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do
bem comum.
Os
Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje
o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores
evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para
lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os
mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na
construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos
desejamos."
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário