PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1630.
A realidade é a base
Vimos na reflexão anterior, “O fruto
da paz”, paz não é sossego. É necessário paciência e dar tempo ao tempo. Só
conseguiremos paz se houver unidade. O que queremos para mundo vá além da
política e dos interesses econômicos. Ela está no coração curado de todo ódio e
discriminação e aberto para acolher o diferente e fazer corpo na procura do bem
de todos. Quem está bem consigo supera muitos obstáculos para criar unidade e ter paciência para esperar que os
tempos amadureçam. O texto do Papa Francisco encanta. Por isso é bom lê-lo por
completo e não só nos comentários. O Papa se mostra sempre pastor que conhece o
rebanho e tem muita prática em lidar com realidades difíceis, por isso coloca
como o terceiro princípio para “orientar o desenvolvimento da convivência
social e a construção de um povo onde as diferenças se harmonizem dentro de um
projeto comum” (Evangelii
Gaudium –EG – 221). Este princípio é a relação entre idéia e realidade.
A realidade simplesmente é; a idéia elabora-se. Somos convidados a estabelecer
um diálogo constante para evitar separar a idéia da realidade. É perigoso viver
só de idéias. O Papa afirma com firmeza: “A realidade é superior à idéia. Isso
supõe evitar várias formas de ocultar a realidade”. E define quais são essas
formas: “Os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os nominalismos
declaracionistas, os projetos mais formais que reais, os fundamentalismos
anti-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria”(EG 231). Vemos como
esses nomes trazem em si grupos que os vivem e praticam, passando sobre os mais
simples ensinamentos do Evangelho e da razão humana.
1631.
A idéia que constrói
A
idéia está a serviço da compreensão e condução da realidade. A idéia desligada
da realidade dá origem a idealismos que não empenham. O Papa reconhece que o
que empenha é a realidade iluminada pelo raciocínio. Às vezes o povo não compreende
o que pregamos, ou pior, pode-se criar um espiritualismo que não transmite a
Verdade. É de se perguntar se a culpa não está em nós que não conhecermos a
realidade do povo. O motivo é que não falamos sua língua. A Igreja não é museu
nem lugar de shows de fogos de artifício como diz Papa Francisco. A realidade é
superior à idéia (EG
233). Partimos da compreensão da Encarnação. Encarnar-se é essencial à
evangelização. Jesus fala de não construir sobre a areia. É preciso ter os pés
no chão, não no abstrato. O Papa convida a também não ficarmos presos a
questões limitadas, mas termos uma perspectiva mais ampla. Não se trata de
aniquilar a identidade, mas integrar-se na comunidade. As muitas faces se
integram guardando sua originalidade que contribui para sua beleza e riqueza.
1632.
O Evangelho como escola
O Evangelho de Jesus é o modelo acabado para esse
novo modo de vida no qual as partes se formam e se enriquecem por um todo que
as assume. O Evangelho é todo para todos. A “mística popular” acolhe, a seu
modo, o Evangelho inteiro e o encarna em expressões de oração, fraternidade, de
justiça, de luta e de festa (EG 237). É o que lemos na parábola da ovelha perdida que é
procurada por ser parte de um rebanho. Deus não quer que se perca nenhum e seja
reintegrado no seu rebanho. O Papa continua com o frescor do Evangelho: “Ele é
o fermento que leveda a massa e a cidade que brilha no cimo do monte iluminando
todos os povos. O Evangelho possui um critério de totalidade... e fecunda e
cura as dimensões do homem... ” até reunir todos à volta da mesa do Reino (EG 237).
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