Evangelho segundo S. Marcos 10,2-16.
Naquele
tempo, aproximaram-se de Jesus uns fariseus, que, para O porem à prova,
perguntaram-Lhe: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus disse-lhes:
«Que vos ordenou Moisés?». Eles responderam: «Moisés permitiu que se
passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Jesus
disse-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa
lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher. Por
isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa,
e os dois serão
uma só carne’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não
separe o homem o que Deus uniu». Em casa, os discípulos interrogaram-n’O de
novo sobre este assunto. Jesus disse-lhes então: «Quem repudiar a sua mulher
e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher
repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério». Apresentaram a
Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as
criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em
verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará
nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Homilia de 19 Outubro de 1980
«Já não são dois, mas um só».
«O que Deus uniu, não o separe o homem» (Mt
19,6). Nesta expressão está contida a grandeza essencial do matrimónio e, ao
mesmo tempo, a unidade moral da família. Hoje pedimos essa grandeza e essa
dignidade para todos os esposos do mundo; pedimos essa potência sacramental e
essa unidade moral para todas as famílias. E pedimo-lo para o bem do homem! Para
o bem de cada um dos homens. O homem não tem outro caminho para a humanidade
senão através da família. E a família deve ser colocada como o fundamento mesmo
de toda a solicitude pelo bem do homem e de todo o esforço para o nosso mundo
ser cada vez mais humano. Ninguém pode subtrair-se a esta solicitude: nenhuma
sociedade, nenhum povo, nenhum sistema; nem o Estado, nem a Igreja, nem sequer o
indivíduo.
O amor que une o homem e a mulher como cônjuges e pais é,
ao mesmo tempo, dom e mandamento. O amor é dom: «vem de Deus, e todo aquele que
ama nasceu de Deus e conhece-O» (1Jo 4,7). E, ao mesmo tempo, o amor é
mandamento, é o maior mandamento «Amarás...» (Mt 22,37). Cumprir o mandamento do
amor significa praticar todos os deveres da família cristã. Afinal, todos se
reduzem a ele: a fidelidade e a honestidade conjugal, a paternidade responsável
e a educação. A «pequena Igreja», a Igreja doméstica, significa a família que
vive no espírito do mandamento do amor a sua verdade interior, o seu esforço
diário, a sua beleza espiritual e a sua força. [...] Se Deus é amado sobre todas
as coisas, então também o homem ama e é amado com toda a plenitude do amor
acessível a ele. Se se destrói esta estrutura inseparável de que fala o
mandamento de Cristo, então o amor do homem apartar-se-á da sua raiz mais
profunda, perderá a raiz da plenitude e da verdade, que lhe são essenciais.
Imploremos para todas as famílias cristãs, para todas as famílias do
mundo, esta plenitude e verdade do amor, indicada pelo mandamento de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário