Evangelho segundo S. Mateus 15,29-37.
Naquele
tempo, foi Jesus para junto do mar da Galileia e, subindo ao monte, sentou-se. Veio ter com Ele uma grande multidão, trazendo coxos, aleijados, cegos,
mudos e muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os, de modo que a
multidão ficou admirada, ao ver os mudos a falar, os aleijados a ficar sãos, os
coxos a andar e os cegos a ver; e todos davam glória ao Deus de Israel. Então Jesus, chamando a Si os discípulos, disse-lhes: «Tenho pena desta
multidão, porque há três dias que estão comigo e não têm que comer. Mas não
quero despedi-los em jejum, pois receio que desfaleçam no caminho». Disseram-Lhe os discípulos: «Onde iremos buscar, num deserto, pães
suficientes para saciar tão grande multidão?» Jesus perguntou-lhes: «Quantos
pães tendes?» Eles responderam-Lhe: «Sete, e alguns peixes pequenos». Jesus
ordenou então às pessoas que se sentassem no chão. Depois tomou os sete pães
e os peixes e, dando graças, partiu-os e foi-os entregando aos discípulos e os
discípulos distribuíram-nos pela multidão. Todos comeram até ficarem
saciados. E com os pedaços que sobraram encheram sete cestos.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Balduíno de Ford (?-c. 1190), abade
cisterciense, depois bispo
O sacramento do altar, PL 204, 690
O pão da vida eterna
«Eu sou o pão da vida, diz Jesus; quem vem a
Mim jamais terá fome e quem acredita em Mim jamais terá sede» (Jo 6,35). […] Ele
exprime assim, por duas vezes, a saciedade eterna onde já nada falta.
No entanto, a Sabedoria diz: «Aqueles que me comem terão ainda fome
e aqueles que me bebem terão ainda sede» (Sir 24,21). Cristo, que é a Sabedoria
de Deus, não é um alimento para saciar o nosso desejo já no presente, mas para
nos fazer desejar essa saciedade; e quanto mais provarmos a sua doçura, mais
estimulado é o nosso desejo dela. É por isso que aqueles que O tomam como
alimento continuarão a ter fome até alcançarem a saciedade. Mas quando o seu
desejo estiver satisfeito, deixarão de ter fome e sede.
«Aqueles que
me comem terão ainda fome.» Esta frase pode compreender-se também em relação ao
mundo futuro, porque na saciedade eterna existe uma espécie de fome, que não
provém da necessidade, mas da felicidade. Aí, a saciedade não sacia; aí, o
desejo não conhece gemidos. Cristo, sempre admirável na sua beleza, também é
sempre desejável, «Ele, que os próprios anjos desejam contemplar» (1Ped 1,12).
Deste modo, mesmo quando O possuímos, desejamo-Lo; mesmo quando O temos,
procuramo-Lo, segundo o que está escrito: «buscai sempre a sua face» (Sl 104,4).
Com efeito, Ele é sempre procurado, Ele que é amado para ser possuído para
sempre.
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