Quantas
vezes não ouvimos ou dizemos: não dá tempo para rezar. Podemos deste modo
entender que rezar é fazer uma pausa na vida e dedicar-nos um tempo a oração.
Terminada essa voltamos às atividades, como que reabastecidos. Certamente que
podemos e devemos dedicar certos momentos da vida à atividade espiritual. Mas
esse tempo de parada, nem sempre nos satisfaz. Jesus fala de entrar no quarto e
rezar ao Pai que vê no segredo. Pensava num ambiente isolado, mas pensava
também no quartinho do coração, na cela do coração, em nosso interior. Não se
trata de lugar concreto, mas da intimidade onde nós nos encontramos com Ele.
Naquele lugarzinho estamos nós e nossa vida. A grande força da oração é a
capacidade que ela possui de se misturar ao que somos. O erro é sair da vida
para encontrar a Deus. Há o provérbio que diz: ‘Deus está no mais íntimo do meu
íntimo’. É coração de nossa vida que nós
O encontramos e com Ele dialogamos. Dialogamos a vida que está ali. Em nosso
interior é que está nossa maior realidade. Jesus já dizia que é do interior que
procedem os pecados: “o que sai da boca
procede do coração” (Mt 15,18). Mesmo que a oração seja pública, comunitária,
com orações escritas ou decoradas, deve sempre estar com as raízes no íntimo do
coração (coração não é o membro de carne, mas a condição de amar que
possuímos). Esse íntimo é o que mantém a vida. A vida conduz à oração,
colocando nossa realidade diante de Deus e abrindo-nos ao Deus que se manifesta
a nós. Esta inter-relação é a oração. É o momento em que nossa vida se defronta
com Deus e lhe dizemos, mesmo que não haja palavra, quem somos nós. Deus também
diz que Ele é.
74.
O fio da oração
A oração é o fio que une a vida a Deus e Deus
à vida. No momento em que sou para Deus, em que me abro ao relacionamento, os
fatos da vida e as realidades pessoais passam a ser costurados em Deus e tomam
outro sentido. Ou melhor, chegam ao seu sentido completo. Certamente que não
vemos, nem podemos nos dar conta destas realidades, mas é o que ocorre. Na
medida em que vou me dando conta dessas condições, passo a modificar mais
profundamente meu modo de viver. É o que chamamos de conversão. Vivemos
costurando Deus nos fatos de nossa vida. A oração não se mede pela quantidade
de palavras. Podemos nos lembrar que Jesus fala que não devemos ser palavrosos
na oração: “Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam
que pelo seu muito falar serão ouvidos. O pai sabe do que tendes necessidades,
antes de lho pedirdes” (Mt 6,7). Lembremo-nos de que nas Igrejas há muita
falação, até gritaria. Não é bom. Mesmo na oração pessoal, estamos repletos de
palavras. Não é por aí. Ajuda, mas não é tudo.
75.
A costura de Deus.
Como Deus envolve nossa vida? O resultado é muito simples: passamos a ser
para Ele como o Filho bendito o é. Seremos à imagem de seu Filho. “Porque os
que antes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre os irmãos” (Rm 8,29). Passamos
a ter seus sentimentos, sua mentalidade e suas opções: “tende em vós o mesmo
sentimento de Cristo” ( Fl 2,5). A oração nessa oração será voltar-se ao Pai
como o Filho. Sua missão era uma constante união como o Pai. Esta missão, sendo
amor, conduz a oração a ter como conteúdo o amor.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário