Domingo
passado refletimos as tentações de Jesus. Hoje lemos, todos os anos, o
evangelho da Transfiguração de Jesus. No monte, a que deram o nome de Tabor,
Ele transfigurou-se diante dos três discípulos. Pensemos que os discípulos,
diante do fato tão incompreensível do sofrimento e morte de Jesus, ficaram por
entender que tipo de Messias é este que acaba no fracasso. O fato da transfiguração
mostra o Cristo na sua luz divina, em sua humanidade mortal. As duas figuras
centrais do Antigo Testamento, Moisés e Elias conversam com Ele. A lei e os
profetas que o predisseram, reconhecem nEle o Messias Deus. Jesus está em
consonância com a lei e os profetas, como dirão os apóstolos ao evangelizarem o
povo. Assim o terror da cruz é solucionado com a glória da ressurreição. Deste
modo, os discípulos podem continuar seu processo de aprendizado sobre a pessoa
de Jesus compreendendo-o na sua dimensão de Luz incriada. Certamente vão
compreender esta visão à luz da Ressurreição e do dom do Espírito. A
centralidade de Cristo em nossa vida não é somente um aspecto devocional, mas
sentido completo de nossa fé e vida cristã.
Ouvir o Filho
Amado
Ouvi dizer que a fé, no caso a religião
cristã católica, é a religião do ouvido. Parece que somos calados demais nas
celebrações. Mas é assim mesmo. “Eu quero ouvir o que o Senhor tem a dizer” (Sl
84,8). Vejamos a responsabilidade das comunidades em proporcionar uma boa
audição e um silêncio conveniente para ouvir. É importante esforço e atenção
para estar de ouvidos abertos a ‘toda a Palavra que vem da boca de Deus’, mesmo
através dos fracos instrumentos. Os pregadores cuidem de uma melhor
apresentação da Palavra. São três mediações onde ouvimos esta revelação: Na
Palavra da Escritura, na Celebração e na Comunidade-Igreja que é mestra da
Verdade. Ela guarda a Tradição e no-la transmite com fidelidade. Escutando e
obedecendo seguimos o Senhor onde quer que Ele vá. No batismo recebemos o dom
da obediência, isto é, estar ouvindo e, pelo Espírito, absorvendo estas
Palavras de Vida. Estando atentos, poderemos sempre ouvir Sua voz. Somos assim
também filhos amados. Deste modo nossas palavras serão também palavras que conduzem
à vida eterna. Acolhendo a verdade seremos seus anunciadores.
Nas pegadas de
Jesus
Pedro diante daquela cena maravilhosa diz: “Senhor,
é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas, uma para ti, outra
para Moisés e outra para Elias” (Mt 17,4). A vida cristã tem também o momento
místico da presença de Cristo em seu esplendor de revelação do Pai. Não podemos
ficar sempre nesta situação. Mas, uma vez que o conhecemos, podemos vivê-lo em
qualquer circunstância, mesmo na dor e na secura da fé. Nós o faremos porque
temos uma vocação santa a que fomos chamados, como nos diz Paulo (2 Tm 1,8-10).
“Ele fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho”. Não perdemos a
grandeza de sua presença. Estando ouvindo o Filho poderemos empreender um
seguimento como o de Abraão: “Sai de tua terá e vai para a terra que te vou
mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei... em ti serão abençoadas
todas as famílias da terra” (Gn12,1-4). Ouvindo o Filho, caminhamos para um
mundo melhor e mais luminoso.
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