PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1411. Da decepção a realização
Depois
da morte de Jesus os discípulos ficaram apavorados e decepcionados. Os inimigos
comemoram e estava abafado o movimento como haviam sido abafados outros
movimentos (At 5,34ss). Os dois
apóstolos que iam a Emaus manifestaram a decepção. À pergunta de Jesus sobre o
que estavam falando, respondem narrando os acontecimentos e mostram a
desilusão: “Nós esperávamos que fosse Ele quem iria redimir Israel; mas são
três dias que todas essas coisas aconteceram!” Relatam a seguir as notícias que
trouxeram as mulheres e os discípulos que foram ao túmulo e disseram que Ele
está vivo. “Mas a Ele, não O viram” (At 24,13-35). Após as
aparições o moral é outro. A felicidade é tanta que não acreditam. Jesus se mostra
“Sou Eu mesmo. Não temais!”. Há uma certeza: Ele está vivo e é o mesmo que foi
crucificado, pois traz a marca dos cravos. Recebem, já no dia da Ressurreição, a
força do Espírito Santo como nos conta São João (Jo
20,20).
A fé em Jesus não é um conjunto de ideias e práticas a serem cumpridas. É a
adesão e a união a uma Pessoa concreta: Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo. Não
se trata de uma religião, mas de uma fé que promove uma vida. A comunidade que
crê, se organiza mostrando essa vida. Só devocionismo não satisfaz. A devoção
que não tem em si a fé, não resolve. A realização torna-se concreta nos
apóstolos e nos primeiros que, com a força do Espírito anunciam que Ele está
vivo e é o Senhor. O projeto é a remissão dos pecados que envolve o mundo. O
perdão que é oferecido põe as pessoas e o mundo no sentido de Deus. A fé dos
discípulos de todos os tempos não difere da fé primeira. Essa é a Tradição.
1412. Comunidade como resposta
Uma das realizações que mais
manifesta o resultado da Ressurreição e o sentido da presença de Cristo em seu
meio é a comunidade. Nos Atos dos Apóstolos temos o desenho da Ressurreição feito
pela vida da comunidade: “Os que se haviam convertido eram perseverantes no
ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas
orações” (At 2,42). O texto que segue mostra como
colocavam os bens em comum, como viviam e rezavam. Jesus, no deserto venceu a
tentações (Mt 4,1-11), Se compararmos a
vida da comunidade com esse momento, veremos que o cotidiano de sua vida é o
modo de vencer a tentação: pondo os bens em comum, vencem a tentação da
ganância de bens materiais orientados pela Palavra dos Apóstolos; a
fraternidade e Eucaristia (fração do pão) são a resposta ao orgulho e a sede de
poder; as orações da comunidade destrói a busca do endeusamento do prazer. A
certeza maior da verdade da Ressurreição se manifesta na vitória com Cristo na
vida da comunidade. Vence o mal pelo bem (Rm 12,21). A vida da
comunidade, em sua prática concreta, vence a força do mal.
1413. Esperança que não falha
Podemos
ficar um pouco decepcionados com os resultados que não vemos. Já são mais 2000
anos que anunciamos a Ressurreição e o mundo parece só piorar. A Igreja sempre
em dificuldades com divisão e a infidelidade ao Evangelho. A descrença invade a
vida do povo. Não podemos perder a esperança, pois fomos renovados pela festa
pascal. Há muitos elementos de justiça no mundo que nasceram na Igreja. Temos
no mundo atual uma luta pela ecologia. Lembremos que os meninos sempre
confessavam que tinham matado passarinho. De onde vinha essa consciência? Mesmo
que a Igreja tenha provocado muitos problemas, muitas soluções nasceram nela.
Quem lutou por um mundo novo o fez por crer na Ressurreição, mesmo
inconscientemente.
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