segunda-feira, 14 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Faço novas todas as coisas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Fomos conquistados por Cristo
  As leituras do 5º domingo da Quaresma mostram o contínuo êxodo iniciado no Egito e continuado no retorno da Babilônia. Sempre libertação. O profeta anima a ter esperança que este caminho de liberdade continua. Não é necessário olhar um passado triste mesmo de pecados, pois Deus faz novas todas as coisas. Esta “coisa nova” é a vitória de Cristo sobre cada um. Paulo diz: “Fui conquistado por Cristo” (Fl 3,12). O fato de buscar Cristo, já é conseqüência de ter sido conquistado por Ele. Firmados neste apoio, podemos nos lançar para frente como Paulo afirma. Lançar-se para frente tem como conseqüência uma reavaliação de toda a vida. O valor supremo é Cristo. O resto é lixo, quer dizer, tem valor muito menor. Podemos perceber que os homens e mulheres que se deixaram conquistar por Cristo foram desapegados de tudo e por isso conquistaram tanto. Foi o que fez Cristo no seu caminho de sofrimento, morte e ressurreição, seu Mistério Pascal: humilhou-se a si mesmo até à morte e morte de Cruz. Procurou somente a vontade do Pai: buscar a ovelha perdida, como vemos em seu encontro com a adúltera. Humilhou-se para amar.
Experimentar a força da ressurreição
“A fé consiste em conhecer Cristo, experimentar a força de sua ressurreição, ficar em comunhão com seus sofrimentos, tornando-me semelhante a Ele na sua morte” (Fl 3,10-11). A força desta frase é espantosa: conhecer Cristo é ter em si a mesma força que levantou Cristo da sepultura. O povo de Deus, no deserto, caminhava na força da libertação da escravidão e na perspectiva de uma pátria. Nós temos esta força na perspectiva de uma pátria que se resume na intimidade com Deus agora e sempre. O profeta Jeremias clamava: “tenho dentro de mim um fogo que me consome os ossos. Tentei refreá-lo e não consegui” (Jr 20,9). Quem foi conquistado por Cristo não volta atrás, mesmo diante dos maiores sofrimentos, como podemos ver nos mártires e em tantos que dedicaram sua vida a Cristo e aos irmãos. Procurando Cristo na fé, encontramos nossa primitiva dignidade, tudo se torna novo para nós e fazemos a experiência do Deus que nos chama no seu Filho à ressurreição.
Eu também não te condeno.
Este quadro de força de ressurreição e coisas novas nós podemos ver nesta belíssima cena de Jesus e a adúltera. A mulher, envergonhada, está servindo de isca para pegar Jesus em uma palavra duvidosa. “A lei manda apedrejar! O que dizes?” “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Jesus não muda a lei, muda a atitude: o pecador é conquistado pelo amor. “Eu não quero a morte do pecador, mas sim que se converta e viva” (Ez 33,11). Jesus não aprova o pecado, conquista o pecador. “Ele escrevia no chão”. Por que escrever na areia? O perdão é como o vento que desmancha os traços na areia. Na pedra se escrevem os bens praticados que não se perdem. Acho importante na confissão preocuparmo-nos mais com a pessoa do que com a lista dos pecados. “Mulher, ninguém te condenou?” “Não, Senhor”. “Eu também não te condeno. Vai e não peques mais” (8,10-11). A remissão de Jesus se faz pelo respeito ao pecador. Imaginemos a troca de olhares dos dois. O amor arranca do mal e eleva a pessoa.

(Leituras: Isaías, 43,16-21; Filipenses 3,8-14; João 8,1-11)

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