Evangelho segundo S. João 19,28-37.
Naquele
tempo, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a
Escritura, disse: «Tenho sede!» Havia ali uma vasilha cheia de vinagre.
Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha
à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E,
inclinando a cabeça, entregou o espírito. Como era o dia da Preparação da
Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele
sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados foram e quebraram as
pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as
pernas. Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo
brotou sangue e água. Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas
e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós
crerdes também. É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
Não se lhe quebrará nenhum osso. E também outro passo da Escritura diz:
Hão-de olhar para aquele que trespassaram.
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Homilia atribuída a São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da
Igreja
Meditações sobre a Paixão do Senhor, 3
Aproximemo-nos do coração do dulcíssimo
Senhor Jesus, e exultaremos e regozijar-nos-emos nele. Quão bom e doce é esse
coração! Ele é o tesouro escondido, a pérola preciosa, aquilo que encontramos, ó
Jesus, escavando o campo do teu corpo (Mt 13,44ss). Quem pois rejeitará esta
pérola? Bem pelo contrário, por ela eu darei todos os meus bens; por ela
trocarei todas as minhas preocupações, todos os meus afectos. Todas as minhas
inquietações, abandoná-las-ei no coração de Jesus: ele bastar-me-á e
providenciará sem falta à minha subsistência.
É neste templo, neste
Santo dos santos, nesta arca da aliança, que virei adorar e louvar o nome do
Senhor. «Encontrei o meu coração», dizia David, «para rezar ao meu Deus» (1Cr
17,25 Vulg). Também eu encontrei o coração do meu Senhor e Rei, do meu irmão e
amigo. Como poderia, pois, deixar de rezar? Sim, rezarei, porque, com firmeza o
digo, o seu coração pertence-me. [...]
Ó Jesus, digna-Te aceitar e
escutar a minha oração. Leva-me todo inteiro para o teu coração. Ainda que a
deformidade dos meus pecados me impeça de entrar nele, dado que por um amor
incompreensível este coração se dilatou e alargou, Tu podes receber-me e
purificar-me da minha impureza. Ó Jesus puríssimo, lava-me das minhas
iniquidades a fim de que, purificado por Ti, possa habitar em teu coração todos
os dias da minha vida, para ver e fazer a tua vontade. Se o teu lado foi
trespassado, foi para que a entrada nos seja amplamente aberta. Se o teu coração
foi ferido, foi para que, ao abrigo das agitações exteriores, possamos habitar
nele. E é ainda para que, na ferida visível, vejamos a invisível ferida do amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário