sábado, 4 de julho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Abra-se a terra e brote o Salvador”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Vim para fazer tua vontade
            Séculos de espera, e eis que, como o sol, o Salvador já ilumina, com as primeiras claridades, o novo dia da humanidade. Poderemos ouvir em breve: “Hoje nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). A vinda do Filho de Deus ao mundo não é uma historinha a ser contada com carinho. É a realização da vontade do Pai de comunicar-nos sua vida e levar-nos à participação de sua glória. A vinda de Cristo interessa a todo o universo, pois o Pai quis, em Cristo, recapitular todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra (Ef 1,9-10). A liturgia desse 4º domingo do Advento quer nos levar a entender o motivo da vinda de Cristo. Para respondermos a tão grande dom, somos chamados a fazer o caminho que Ele fez: “Por isso eu disse: ‘eis que venho’. No livro está escrito a meu respeito: ‘Eu vim, ó Deus para fazer a tua vontade’” (Hb 10,7). A redenção que Cristo nos oferece acontece no seu mistério de entrega à vontade do Pai. Não mais são válidos os sacrifícios de animais, mas da entrega de corpo e alma que o Filho faz ao Pai e que culmina na oferenda do corpo na cruz. Podemos fazer o mesmo sacrifício, participando do seu, acolhendo a vontade do Pai. No Pai-Nosso rezamos: “Seja feita a vossa vontade”. Jesus repete essa frase muitas vezes em sua vida. Ele mesmo disse que a vontade do Pai é que não se perca nenhum daqueles que Ele lhe deu (Jo 6,39). Essa preocupação com os pequeninos é a implantação de seu Reino: “Venha a nós o vosso reino”. Por isso, Jesus é de família real, descendente de Davi, da tribo de Judá. O rei, que nascerá, preenche todos os sentimentos do Pai e executa toda suas vontades.
A vez dos fracos
                  Jesus não responde às expectativas dos judeus que queriam um Messias político que viesse libertar do jugo dos romanos e restituir o reino aos tempos gloriosos. Primeiramente sua vinda é para todos os povos, como escreve Miquéias: “Os homens viverão em paz, pois Ele, agora, estenderá o poder até os confins da era, e Ele mesmo será a Paz” (Mq 5,3-4). Paz – Shalom - significa e plenitude de todos os bens. Esses bens são reservados aos que se abrem, com fé, à ação do Espírito Santo. Vemos a frágil Maria receber a visita de Deus e ficar grávida por obra do Espírito Santo porque quis fazer a vontade do Pai dizendo ao Anjo: “Faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lc 1,38). Isabel fica cheia do Espírito Santo ao receber a saudação de Maria. Ela acolhe aquela que trouxe o Senhor. Contemplamos Belém, pequenina cidade de Judá, humilde como o jovem Davi que ali pastoreava e tornou-se rei com promessas de um descendência promissora (2 Sm 22,51) da qual saiu o Dominador: agora os homens viverão em paz (Mq 1-4). Agora é a vez dos fracos que, com o coração aberto, continuam a acolher a vinda do Messias. O salmo canta suplicando que aconteça essa salvação: “Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação!”
Bendita és tu entre as mulheres
                  A figura mais completa do Advento é Maria, símbolo de toda aceitação de Deus e de sua vontade salvífica, de total abertura ao Espírito Santo e também missionária levando Jesus aos outros. Ela é assim modelo para vivermos o programa do Advento: deixar que o Espírito irrompa em nossa vida e que esta se faça dócil à Palavra divina como o fez Maria ao dizer: “Eis a serva do Senhor!”

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