sexta-feira, 24 de julho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Cidadãos do Céu à imagem do Filho”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Transfigurou-se diante deles
            Todos os anos nós lemos, no segundo domingo da Quaresma, o evangelho da Transfiguração. Não se trata da festa da Transfiguração que se celebra no dia 6 de agosto. Esse texto, apresentando Jesus transfigurado, é a explicação de como será a meta última dos cristãos, dos que tem fé. A comunidade que vem do tempo dos apóstolos passou por dificuldades maiores do que estas que estamos vivendo. Os evangelistas, devido à crise apresentada pelos cristãos diante do fracasso de Jesus, sua paixão e morte, apresentam Cristo Ressuscitado como compreensão desses fatos dolorosos. O Cristo que se transfigura é iluminado pela luz incriada, a divindade. Nesse momento recebe a experiência da Ressurreição. Ele está na esfera de Deus, representada pela nuvem. Jesus não é um simples fato da história, como tantos outros, mas é confirmado pelo Pai como Filho dileto. O Pai, apresentando o Filho, proclama: “Este é o meu Filho, o Dileto”. Propõe que o escutemos para sermos transformados. Os discípulos experimentaram a presença de Deus, tanto que Pedro diz: “É bom estarmos aqui”. O Filho ressuscitado dos mortos, como prefigura a transfiguração, é a solução para todas as dúvidas da comunidade diante do fracasso de Jesus. Hoje continua iluminando com a Ressurreição os baixios de nossa vida.
Um caminho de vida renovada
            No mundo atual a comunidade está passando por crises semelhantes à crise da comunidade primitiva. Jesus por mais conhecido que seja, não passa para muitos, de uma figura bonita. O mundo não vê Jesus como vida, luz, verdade e caminho para os cristãos. A situação se torna grave quando Jesus para eles não chega a ser fonte de vida. O Pai manda ouvir seu Filho. Escutar significa tomar uma atitude obediente de vida, isto é, aberta à vida de Jesus em nós. Vamos escutá-lO através da vida vivência do batismo. Seremos assim transfigurados com Ele. Nossa transfiguração com Ele passa pela Liturgia. Nela, celebrando e vivendo os sacramentos, seremos santificados, iluminados. Fazemos desse modo nosso caminho espiritual que, com Ele, passa pela cruz, para chegar à Ressurreição. Nossa fé exige uma prática de vida, mas possui também a presença de Deus que, pelo Espírito, nos encaminha cada vez mais a sermos “cidadãos dos céus” (Fl 3,20), vivendo ainda na terra, esperando a transformação de nosso corpo para sermos semelhantes a seu corpo glorioso.
Muito de humanos e bastante divinos
O tempo da Quaresma coloca diante de nós a realidade do pecado e da graça, da morte e da vida. Refletimos as tentações de Jesus. Em Cristo somos tentados e em Cristo venceremos, como nos diz Santo Agostinho. Não depende só de nós, como um esforço pessoal. A aliança de Deus com Abraão continua dando-nos a certeza de que, fazendo esse caminho, chegaremos à glória de sua Ressurreição. Como Abraão nós somos chamados a entrar em aliança com Deus. Tanto a obscuridade da nuvem em que entram os discípulos, como o torpor em que entra Abraão, são características do encontro com Deus, pois Ele é a luz. Jesus também entra na obscuridade do sofrimento e da morte. Por aí também passa o discípulo. Chegaremos à ressurreição luminosa que vemos em Jesus, passando pela morte com Cristo, em seu Mistério Pascal. Durante a vida somos interiormente transformados, divinizados, para entrar na glória da Ressurreição e luzir ao fim como astros no firmamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário