Evangelho segundo S. João 6,1-15.
Naquele
tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de
Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava
nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo
que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde
havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o
experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe:
«Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
«Está aqui um
rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta
gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele
lugar, e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus
tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o
mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados,
Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se
perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães
de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que
Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta
que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para
O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de
Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Comentário sobre o evangelho de
João, 24,1
«Ele veste os céus de nuvens, prepara a chuva para a terra; faz
brotar a erva sobre os montes e as plantas úteis ao homem» (Sl 146,
8)
Os milagres realizados por Nosso Senhor
Jesus Cristo são obras verdadeiramente divinas; eles dispõem a inteligência
humana para conhecer Deus a partir do que é visível, pois os nossos olhos
tornaram-se incapazes de O ver em consequência da sua própria natureza. Com
efeito, os milagres que Deus opera para governar o universo e organizar toda a
sua criação, à força de se repetirem, perderam de tal modo o seu valor, que
quase ninguém se dá ao trabalho de reparar que obra maravilhosa e surpreendente
Ele realiza num qualquer grãozinho de semente.
É por isso que, na
sua benevolência, Ele Se reserva a possibilidade de realizar, no momento
escolhido, algumas acções fora do curso normal das coisas. É que aqueles que
menosprezam as maravilhas de todos os dias ficam estupefactos à vista de obras
que saem do normal, e todavia nem reparam naquelas. Governar o universo é na
verdade um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães! E
contudo ninguém se espanta com isso. [...] Com efeito, quem alimenta ainda hoje
o universo senão Aquele que, com alguns grãos, cria as ceifas?
Cristo age, pois, em Deus. É pelo seu poder divino que faz sair
abundantes colheitas de um pequeno número de grãos, e foi por esse mesmo poder
que multiplicou os cinco pães. As mãos de Cristo estavam cheias de poder. Esses
cinco pães eram como que sementes que, mesmo não tendo sido lançadas à terra,
foram multiplicadas por Aquele que fez o céu e a terra.
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