quinta-feira, 30 de julho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Era preciso fazer festa!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Deixai-vos reconciliar com Deus
            Nesse tempo de Quaresma continuamos a ouvir o chamado à conversão para a reconciliação com Deus. Jesus realiza essa reconciliação “fazendo-se pecado por nós, para que nEle nós nos tornássemos justiça de Deus” . A reconciliação nos une à santidade de Deus. Lucas, o evangelista da misericórdia e do amor do Pai, conta-nos a parábola do filho pródigo, ou melhor, do pai misericordioso. Essa parábola é uma resposta aos fariseus que criticavam Jesus por Ele acolher os publicanos e os pecadores e fazer refeições com eles (Lc 15,2), pois eles vinham a Jesus para escutá-lo. A compreensão da parábola é a chamada de atenção ao filho mais velho (simbolizando os fariseus) que recusa o irmão que volta (os publicanos e pecadores). Essa imagem magnífica do filho que sai de casa, de todo o conforto e convivência, para partir para o vazio de uma vida fácil e depois, sentir a desgraça de miséria e da fome. Nessa situação ele pensa na casa do pai, cai em si e vê o erro que cometeu. Decide-se voltar, ao menos para ter comida. Não se sente merecedor da convivência na casa paterna. O evangelista descreve a situação de pecado e o mal que ele nos faz. O convite a deixar-se reconciliar, dirige-se a nós que temos receio de não sermos merecedores do perdão. Junto a isso podemos ver em nossa atividade muitas pessoas que vivem afastadas, são inimigas da fé, até escandalosas e que vivem uma situação difícil de afastamento de Deus. O convite é dirigido a todos. Ao chegar à comunidade recebem de muitos e mesmo das estruturas da Igreja, ressalvas e dificuldades para encontrar o perdão e a misericórdia. Essa atitude do irmão mais velho é a de cada um que recusa acolher os que querem a reconciliação.
O pai misericordioso
            Lucas é o evangelista da misericórdia do Pai. Mostrou-nos o filho errado, o irmão que recusa e agora, o Pai que acolhe. Em nenhum momento o pai “deserdou” o filho que tinha lhe causado tanta dor. Aquela estrada que chegava a sua casa já estava batida pelos olhos do pai que buscava o filho chegando. Um dia ele veio. “Será ele?” E era! É curioso que esse evangelho não tem mãe. Na verdade não quer resolver um problema familiar mas, mostrar a atitude do Pai do Céu. O pai sente compaixão, corre, abraça, beija, manda colocar a melhor túnica, anel no dedo, sandálias nos pés, buscar um novilho e começar a festa. Todo o amor lhe é dado. Anel que refaz a aliança, sandálias que lhe restituem a filiação. Ele não é um escravo mas filho. O Filho, tido como morto e tornado à vida, estava perdido e foi reencontrado. Em oposição, figura dos fariseus, o filho mais velho recusa o irmão. Nos muitos anos que vivia com o pai, não percebeu que era filho e possuía tudo. Jesus é a imagem do Pai que acolhe e quer que façamos o mesmo. Há muito a mudar na Igreja para que os “pecadores” encontrem a acolhida.
Uma terra e um lar garantidos.

            A casa do pai é o símbolo da Igreja, da vida de Deus da qual participamos. Na leitura de Josué lemos que o povo entrou na terra e comeu os frutos da terra que Deus lhes dera. É-nos garantida uma vida divina a partir da reconciliação. Vivemos por dom e, a partir daí por direito, na casa do Pai. O versículo do salmo reza: “Provai e vede quão suave é o Senhor”. Esse domingo é da alegria pascal que se anuncia. A Páscoa bem celebrada na reconciliação, traz-nos toda a alegria de Deus para nossos corações e para nossa vida de comunidade. Por isso, alegremo-nos com toda a misericórdia que o Filho nos garantiu com sua morte e ressurreição. Quaresma é tempo de acolher.

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