PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
As
novidades de Jesus
Na última ceia Jesus disse: “Dou-vos
um mandamento novo; que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos
também uns aos outros. Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,34-35). Ele é o modelo que os cristãos
seguem para viver. Depois das bem-aventuranças, explica como se vive esse
mandamento novo do amor. Jesus vai aos detalhes. O amor não é uma idéia, é uma
prática. Se quisermos segui-lO, passamos por esse caminho e por esse programa
de vida. Lucas escreve como Mateus (5-7). São os mesmos ensinamentos de modo
resumido. Nesse texto Jesus dá a virada evangélica e rompe com indicações do
Antigo Testamento. Não há outro jeito de ser cristão. Jesus é claro: o
discípulo deve amar o inimigo em lugar de odiar e vingar-se o que pareceria
natural; deve abençoar quem o amaldiçoa; rezar por quem o calunia. Assim o mal
se desenvolveria? É possível uma sociedade com essas leis e princípios que
Jesus oferece? Chega-se ao mais prático ainda: dar a face, deixar-se roubar,
dar a quem pede, não pedir o que foi emprestado. Não fazer aos outros o que não
queremos que nos façam. Jesus explica que o amar só quem nos ama, é obvio e não
resolve nada. Se amarmos e não esperarmos recompensa seremos como o Pai que é
bom também com os ingratos e maus (35). A novidade de Jesus é colocar o Pai
como exemplo. Aí dá certo. Como em Jesus tudo passa pela encarnação, é passando
pelo próximo que chegamos a Ele. O mal é não ser bom como o Pai. O jubileu do
Espírito é a misericórdia não julga ninguém, não condena; perdoa. Aí a medida
vai ser repleta, sacudida e nós a colocamos nas mãos de Deus. Como medimos seremos
medidos.
A
utopia cristã
Olhando bem esses textos pensamos
que isso é uma utopia, palavras bonitas que nunca vão ser realizadas. Não é bem
verdade, pois Jesus já o realizou. “Dei-vos o exemplo para que, como vos fiz, também
vós o façais” (Jo 13,15). Jesus morre perdoando os seus algozes: “Pai,
perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). É possível implantar
esse programa, pois funciona. Paulo afirma: “Não te deixes vencer do mal, mas
vencei o mal com o bem” (Rm 12,21). É a loucura da cruz: “Enquanto os judeus
pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós anunciamos Cristo crucificado
(...) Pois o que é loucura de Deus, é
mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os
homens” (1Cor 1,22.25). A utopia pode parecer um lugar inexistente, mas ela é o
único lugar de encontrar e compreender Jesus e sua missão. Lemos em 1 Samuel
26, o que fez Davi. Conhecemos as loucuras dos santos e deu certo. Trata-se de
conhecer os verdadeiros valores. O mundo vive de outros princípios. Nós sabemos
que entre nós não deve ser assim (Lc 22,26). Trata-se da inteligência dos
verdadeiros valores
À
imagem do homem espiritual
Paulo, resume todos esses pensamentos
dizendo-nos que devemos “refletir a imagem do homem celeste” (1 Cor 15,49). O
homem celeste feito à imagem de Cristo que está em oposição ao homem terrestre,
Adão, que foi tirado da terra. O homem espiritual apesar de não ter sido feito
da terra, permanece na terra. Jesus levou os discípulos da montanha para meio
do povo. Tudo o que é verdadeiramente humano e natural, pertence ao homem
espiritual. Cristo não veio a nós como um ser fora do mundo, mas viveu em tudo
a condição humana, menos rompendo com o modo de ser do Pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário