Evangelho segundo São Lucas 3,1-6.
No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene,
no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um batismo de penitência para a remissão dos pecados,
como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus"».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo, doutor da Igreja
Sobre Isaías, III, 3
(a partir da trad. Sr Isabelle de la Source,
Lire la Bible, t. 6, p. 99)
«Preparai o caminho do Senhor»
«O deserto e a terra árida alegrar-se-ão, a terra desolada exultará e florescerá» (Is 35,1). Aquela a quem a Escritura chama desértica e estéril é a Igreja vinda dos pagãos. Ela já existia entre os povos, mas não tinha recebido do Céu o seu Esposo místico, Cristo. Mas Cristo veio a ela: cativado pela sua fé, enriqueceu-a com o rio divino que dele jorra, e jorra porque Ele é «fonte de vida, torrente de delícias» (Sl 35,10.9). Quando Ele Se tornou presente, a Igreja deixou de ser estéril e desértica: encontrou o seu Esposo, trouxe ao mundo inumeráveis filhos, cobriu-se de flores místicas. «O deserto será atravessado por um caminho puro, que se chamará caminho sagrado» (Is 35,8), prossegue Isaías. O caminho puro é a força do Evangelho, penetrando a vida, é a purificação do Espírito. Porque o Espírito retira a mancha impressa na alma humana, libertando-a do pecado e limpando toda a nódoa. Este caminho, que é chamado santo e puro, é inacessível a quem não está purificado. Com efeito, ninguém pode viver segundo o Evangelho sem ter sido purificado pelo santo batismo; ninguém pode viver assim sem fé. Só os que foram libertados da tirania do demónio poderão ter a vida gloriosa que o profeta ilustra com estas imagens: «Aí não haverá leões, nem animal feroz por aí passará» (Is 35,9). Anteriormente, com efeito, qual animal feroz, o diabo, o inventor do pecado, atacava os habitantes da Terra com os espíritos maus. Mas ele foi reduzido por Cristo a puro nada, afastado para longe do rebanho dos crentes, despojado do domínio que exercia sobre eles. Por isso, resgatados por Cristo e reunidos na fé, eles caminharão num só coração por este caminho puro. Abandonando os seus antigos caminhos, «chegarão a Sião», isto é, à Igreja, «com uma alegria que não terá fim» (v. 10), nem na Terra nem nos Céus, e darão glória a Deus, seu Salvador.
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