quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Santo Odon

No ano de 910, em sua propriedade localizada nos arredores da pequena Cluny (Saône-et-Loire, França), na companhia de São Bernon, Guilherme o Piedoso, Duque da Aquitânia, fundava a abadia que teria preponderante papel na reforma religiosa de seu tempo. Contudo, sua fundação é atribuída a Santo Odon, porquanto foi ele o religioso designado por São Bernon para levar a obra avante, selecionar e formar seus discípulos. Desse modo, por mais de um século, Cluny continuaria a ser dirigida por essa linhagem de discípulos, os quais deram origem à famosa série dos “Santos Abades de Cluny”. Esta começou com seu sucessor direto, Beato Aimar, substituído por São Maiolo, seguindo-se depois Santo Odilon, para culminar com aquele que talvez tenha sido o maior de todos: Santo Hugo, que levou Cluny a seu apogeu. Papa Urbano II consagra o altar de Cluny É de Santo Odilon, terceiro sucessor do fundador e“encarnação viva, no seio da Igreja, daquele espírito de reforma que o fez um dos homens mais ilustres do milênio”,1que vamos tratar. A vida de Santo Odilon foi escrita por São Pedro Damião, Cardeal e Bispo de Óstia, a pedido de Santo Hugo, sucessor de Santo Odilon no governo de Cluny. Portanto, é um Santo escrevendo a vida de outro. Os hagiógrafos posteriores baseiam-se nesta vida e na de Lotsaldo, monge de Cluny que conviveu muito tempo com Santo Odilon, acompanhando-o em várias de suas inúmeras viagens. Milagrosamente curado por Nossa Senhora Odilon nasceu no ano de 962, de pais piedosos pertencentes à nobreza de Auvergne. Beraldo, seu pai, era senhor de Mercoeur, mas por sua excepcional coragem nas armas, probidade e sinceridade consumadas, a voz popular acrescentou-lhe o cognome de “Grande”. A mãe chamava-se Gerberge. Odilon foi o terceiro dos dez filhos do casal. Quando ainda muito pequeno Odilon ficou paralisado das pernas, depois de grave doença que pôs em risco sua vida. Um dia em que seu pai viajava com toda a família, parou para descanso numa pequena aldeia do caminho. Em dado momento, a governanta de Odilon, deixando-o sozinho à entrada da igreja enquanto foi comprar algo, o menino — com apenas três anos de idade — arrastou-se então para dentro da igreja. Chegando ao altar de Nossa Senhora, pendurou-se na toalha, tentando levantar-se. Nesse momento, sentiu uma força misteriosa e pôs-se de pé. Quando a governanta, aflita, o encontrou na igreja, ele estava correndo em torno do altar da Virgem. Desde esse momento Odilon teve particular devoção a sua celeste benfeitora, devoção essa que continuou até o fim de seus dias. Mais tarde Odilon gostava de voltar em peregrinação a essa igreja. Em uma dessas ocasiões, ele fez a Nossa Senhora a seguinte oração: “Ó benigníssima Virgem Maria! Desde hoje e para sempre me consagro a vosso serviço. Socorrei-me, nas minhas necessidades, ó poderosíssima Medianeira e Advogada dos homens! Quanto tenho, dou a Vós, e com gosto me entrego a Vós por inteiro, para ser vosso servo e escravo”.2 Santo Odilon foi um dos primeiros a praticar a sagrada escravidão a Nossa Senhora, que depois São Luís Maria Grignion de Montfort tornaria tão conhecida. A esse respeito, comenta Plinio Corrêa de Oliveira: “Para quem fizesse uma história superior da Igreja Católica, seria muito bonito compor essa genealogia das almas que ao longo da História se tem consagrado por essa forma a Nossa Senhora. E que constituem, na vida tantas vezes secular da Igreja, uma espécie de filão que vem desde o profeta Elias até nossos dias, e que são de algum modo o que há de mais vivo, o coração que pulsa dentro da Igreja Católica. É para nós uma alegria ver que o grande Santo Odilon, que está na raiz de todos os esplendores da Idade Média, pertencia a essa gloriosa família de almas, da qual nós desejamos ser continuadores, embora apagados”. Pouco se sabe da juventude do santo, a não ser que ele a passou no estudo das ciências e prática da virtude. Quando tinha 26 anos, recebeu a tonsura clerical, e pouco depois entrou para a Ordem de Cluny, governada então por São Maiolo. 
Santo Odon, rogai por nós!

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