quinta-feira, 11 de março de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus teve compaixão”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGARDO
45 ANOS SACERDOTE
Jesus é a compaixão do Pai.
 
Jesus veio da parte do Pai com uma missão muito concreta: mostrar e realizar a compaixão do Pai. Compaixão não é dó, mas é ter um coração que sabe sentir o que o outro sofre e tomar uma atitude. Na Sagrada Escritura Deus se nomeia: “Deus de ternura e compaixão” (Ex 34,6). Deus não condena, não castiga, não cobra. Os que pregam estas verdade estão longe da Palavra do Deus de Jesus. Como é bom saber que os braços de Deu estão sempre abertos para nos abraçar e acolher, como na parábola do filho pródigo. Podemos nos lançar de olhos fechados sem medo de ser recusados. Jesus é também cheio de ternura e compaixão. Ele mesmo diz: “Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,28-30). É uma certeza bonita. 
Ele conheceu nossas dores. 
Conhecendo a vida de Jesus podemos notar que Ele viveu em tudo a condição humana: “Em tudo foi tentado” (Hb 4,15). Ele foi experimentado nos sofrimentos (Is 53,3; Hb 2,10). Suas palavras não são teoria. Sua experiência de encarnação não é somente o lindo Menino de Belém, mas sua encarnação no dia a dia até o extremo da morte. Conheceu a dor, pois “assumiu sobre si as nossas dores” (Is 53,3), sabendo assim entender a dor do povo. Sentir compaixão para Jesus era tomar uma atitude: Chora com a viúva que perde o filho único, une-se à dor de Marta e Maria quando morreu Lázaro, abraça as criancinhas; dá pão à multidão faminta, acolhe a adúltera. Suas atitudes são sempre de apoio e demonstração de amor e simplicidade. Tudo isso está a indicar aquilo em que consiste a redenção: dar um gosto novo de viver porque se vive a vida de Deus que é amor de compaixão. Isto não é um sentimento, mas um modo de vida. Colocamos a vida cristã em gesto exterior, conhecimentos de uma doutrina (o que é bom e necessário, mas não primeiro) e celebração de ritos. Jesus foi diferente. Muitas coisas mudariam na Igreja se partíssemos desta verdade fundamental. Conheci um velho sacerdote que estava sendo condenado pelas autoridades da Igreja porque escreveu um livro sobre a misericórdia de Deus. Se falasse de condenação que Deus deve fazer dos “maus”, certamente seria apoiado. Por que chegamos a este ponto? 
O Senhor é meu pastor, nada me falta! 
Jesus dá-nos uma lição de sabedoria levando os discípulos a um lugar sossegado para que repousem um pouco (Mc 6,30). Era a paz e a serenidade que buscavam. Certamente que não podemos nos esquecer de encontrar momentos de descanso em nossa vida. Quando não queremos repousar, é porque já passou da hora. O repouso nos ajudará muito a manter um clima de bondade e misericórdia. O salmo 22 traz a bela maneira de repousar: deixar-se conduzir pelo Bom Pastor. Somente experimentando sua serenidade teremos força de ser misericórdia. Um pouco de serenidade faz de nós sempre mais compassivos. 
 (Leituras: Jeremias 23,1-6; 
Efésios, 2,13-18; Marcos 6,30-34)
Homilia do 16º domingo do Tempo Comum (20.07)
EM JULHO DE 2003

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