Eu
tenho a força! Eu ganhei o jogo! Medalha de ouro! Miss universo! Até que enfim
fiquei bispo! Aqui quem manda sou eu! Ouvimos estas frases e tantas outras mais
fortes, que são as mesmas palavras da tentação que Eva e Adão ouviram no
Paraíso Terrestre: “Que nada! Deus sabe que, no dia em que dele comerdes,
vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3,5). O coração
humano, marcado pelo orgulho e o desejo de ser como Deus, vive cultivando no
seu íntimo a sede do poder. Procura por todos os modos se manter com autoridade
pondo-se como senhor de tudo. Somos concorrentes de Deus. A tendência de impor
a própria vontade e desejo já age na criança. Isso existe em todos os campos. Vemos
como um cargo e uma posição social parecem dar direito às pessoas de humilhar os
semelhantes. As discriminações que o povo sofre, provêm do poder que as pessoas
julgam ter. Tudo é bom. Mas nem tudo aproveita. Uma coisa é viver só para si e
outra e saber viver também para outros. É o que constatamos em Jesus quando explica:
“Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve. E o que
quiser ser o primeiro dentre vós seja vosso servo assim como o Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de
muitos” (Mt 20,26-28).
Foi o que nos ensinou na Santa Ceia quando tomou a atitude de escravo: tomou a
bacia e lavou os pés dos discípulos (Jo 13,1-17). Jesus fez esse gesto para explicar que Sua Morte e
Ressurreição era um serviço para todos. Ele se faz escravo servidor para que
todos tivessem vida e a tivessem em abundância (Jo10,10).
1349.
Participando do poder de Jesus
Quando
dizemos na Igreja que as autoridades eclesiásticas e ministérios recebem o
poder de Jesus, não dizemos um poder de mando, mas de serviço. São chocantes as
atitudes pecaminosas de orgulho e prepotência sobre as pessoas, sobretudo os
pobres. Infelizmente é um mal que deixa cego. Jesus chamava os fariseus de
cegos (Mt 23,24).
Jesus deu aos discípulos poderes: “Jesus convocando os Doze, deu-lhes poder e
autoridade sobre todos os demônios, bem como para curar doenças, e enviou-os a
proclamar o Reino de Deus e curar” (Lc 9,1-2). O poder está em vencer o mal, curar as doenças e
proclamar o Reino. Eles continuam a missão de Jesus e essa missão é passada a
todos os sucessores. Pedro recebeu o poder das chaves (Mt 16,19) não como um poder para si,
mas para abrir as portas do Reino a todos. Deve fechar a entrada do mal. Deverá
pacificar seu coração pelo contato com a pessoa de Jesus, como o fez Pedro:
“Senhor, tu sabes tudo, sabes também que te amo” (Jo 21,15). Somente esse amor pacificará
nosso coração. É preciso dizer que Jesus fez a diferença. Se for para fazer
como todo mundo o faz, não precisava Jesus ter iniciado um caminho novo.
Corremos o risco de fazer uma Igreja do poder e não do serviço.
1350.
O único necessário
Como cultivar esse novo modo de vida
iniciado por Jesus? É o longo trabalho de conversão para o único necessário que
é o amor. São João Evangelista, em seus escritos, mostrou que somente depois de
identificarmos o amor em nossa vida podemos dar sentido a tudo o que fazemos.
Aí sim, essa vida nova penetra nossos sentimentos e atitudes. Ninguém se
converte a não ser pelo amor. Assim aprenderemos a ciência do Redentor e poderemos
continuar no mundo Sua missão. Não se acredita numa doutrina, mas numa Pessoa. Quando
se diz Coração de Jesus, não é devoção, mas uma transformação de vida. Quem
descobre esse amor, tudo faz para que seja conhecido e amado.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário