Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende
cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes
vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos
Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em
verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te
dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de
pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em
verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai
em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram
o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está
presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a
recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja
10.ª Homilia para a Quaresma
«Rasgai os vossos corações,
e não as vossas vestes» (Jl 2,13)
Diz o Senhor: «Não vim chamar os justos, mas
os pecadores» (Mt 9,13). A nenhum cristão é permitido odiar seja quem for,
porque ninguém é salvo senão graças ao perdão dos pecados. […] Que o povo de
Deus seja, pois, santo e bom: santo, para se afastar daquilo que é proibido,
bom para realizar aquilo que é mandado. Grande coisa é ter uma fé reta e uma
doutrina santa; é louvável reprimir a gula, ter uma doçura e uma castidade
irrepreensíveis; mas estas virtudes nada são sem a caridade. […] Meus queridos, todos os tempos convêm para se realizar o bem da caridade, mas a
quaresma convida-nos especialmente a fazê-lo. Aqueles que desejam acolher a
Páscoa do Senhor com santidade de espírito e de corpo devem esforçar-se, antes
de mais, por adquirir esse dom que contém a essência das virtudes e que «cobre
a multidão dos pecados» (1Ped 4,8). Assim pois, agora que nos preparamos para
celebrar o mistério que ultrapassa todos os outros, aquele pelo qual o sangue
de Cristo apagou as nossas culpas, preparemos antes de mais os sacrifícios da
misericórdia. Concedamos àqueles que pecaram contra nós o que a bondade de Deus
nos concedeu a nós. Esqueçamos as injustiças, deixemos as culpas sem castigo, e
que nenhum daqueles que nos ofenderam receie ser pago da mesma moeda. […] Todos sabemos que somos pecadores; ora, a fim de recebermos o perdão pelos
nossos pecados, deve alegrar-nos o facto de termos a quem perdoar. Deste modo,
quando dissermos, seguindo o ensinamento do Senhor: «Perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» (Mt 6,11), podemos
estar seguros de obter a misericórdia de Deus.
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