PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Escutai o que Ele diz
Luz e trevas! Vida e morte! Palavras que se encontram
presentes na compreensão do mistério de Cristo e do caminho do discípulo.
Iniciamos a Quaresma contemplando Cristo em sua tentação, momento das trevas e
da luz. Somos tomados pela angústia da fragilidade e do pecado. Para
compreender esta situação e superar o escândalo da Cruz, contemplamos Jesus em
sua da Ressurreição anunciada pela Transfiguração. Temos, assim, a confiança da
vitória da Ressurreição de Jesus e de nossa ressurreição com Ele. A Transfiguração
de Jesus não pode ser vista somente com uma cena bonita que Pedro relembra, em
sua carta, como um forte argumento: “Não foi seguindo fábulas sutís, mas por
termos sido testemunhas oculares de sua majestade... quando estávamos com Ele
no monte santo” (2Pd
1,16.18). Na montanha do Tabor há um ensinamento fundamental aos
discípulos de Jesus: “A Lei e os Profetas vieram até João. Daí em diante é
anunciada a Boa Nova do Reino” (Lc 16,16). Jesus se transfigura e, a seu lado, aparecem Moisés
e Elias, simbolizando o Antigo Testamento, a Lei e os Profetas: “Quando iam
embora, Pedro faz a proposta de construir três tendas para manter aquela beleza
(Lc 9,33). É a
tentação da comunidade de continuar no Antigo Testamento, sem assumir a
novidade do Reino. Em Jesus a Lei e a Profecia chegam a sua perfeição e
encerram sua função. A voz do Pai é clara indicando quem é a Lei e quem é o
Profeta: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que Ele diz”(35). Agora é Jesus quem
fala. Fala a Palavra do Pai. Entrar na
nuvem significa entrar na presença de Deus. Lembra a teofania (manifestação de Deus) no
Sinai. Tendo mostrado a Glória podem descer da montanha e continuar o caminho
para Jerusalém onde se realizará o desígnio de Deus na Morte e Ressurreição. A
comunidade não dispensa a Lei e os Profetas, mas os compreende através de
Jesus.
Promessa de uma terra
Nessa Quaresma refletimos sobre as alianças de
Deus com seu povo. Deus escolheu e fez aliança com Abrão. Recebe a promessa de
ser um grande povo e possuir uma terra, como lemos: “Olha para o céu e conta as
estrelas se fores capaz... Assim será a tua descendência”. A teus descendentes
darei esta terra”(Gn
15,5.18). Esta aliança de Deus com Abrão se dá dentro de um ritual muito
forte no qual se cortam ao meio os animais. Abrão passou entre as partes dizendo
as maldições rituais. O patriarca entra em profundo torpor e terror, sinais da
presença de Deus. Deus, como tocha de fogo, faz o mesmo ritual, consumindo as
vítima. Deus faz com ele a aliança da terra. Deus é fiel. Esta aliança que será
completa pela nova aliança realizada em Cristo, através de seu corpo ferido.
Jesus é fiel a esta nova aliança e associa a si todo aquele que n’Ele crê. A
nos cabe a fidelidade.
Somos cidadãos do Céu
A
Transfiguração de Jesus é uma meta para todo o cristão: seremos também
transfigurados: “Ele transformará nosso corpo humilhado e o tornará semelhante
a seu corpo glorificado” (Fl
3,21), pois somos cidadãos dos Céus (20).
Abraão foi pai do povo, ganhou a terra, teve uma descendência que chegou a sua
meta: manifestar ao mundo o Filho de Deus que em si uniu todos os povos como
único povo. A transfiguração é também um caminho para a vida: viver
transfigurados pelas atitudes coerentes com a fé.
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