O
papa Eugénio III nasceu em Montemagno, numa família cristã, rica e da
nobreza italiana. Foi baptizado com o nome de Píer Bernardo Paganelli,
estudou e recebeu a ordenação sacerdotal na diocese de Pisa, centro
cultural próximo da sua cidade natal.
Possuía
um temperamento reservado, era inteligente, muito ponderado e calmo.
Segundo os registros da época, em 1130 ele teve um encontro com o
religioso Bernardo de Claraval, fundador da Ordem dos Monges
Cistercienses e hoje um santo da Igreja. A afinidade entre ambos foi tão
grande que, cinco anos depois, Píer Bernardo ingressou no mosteiro
dirigido pelo amigo e vestiu o hábito cisterciense.
Através
da convivência com Bernardo de Claraval, ele se tornou conhecido, pois
foi escolhido para abrir um outro mosteiro da Ordem em Farfa, diocese de
Viterbo, sendo consagrado o abade pelo papa Inocêncio II. Quando esse
papa morreu, o abade Píer Bernardo foi eleito sucessor.
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Isto
ocorreu não por acaso, ele era o homem adequado para enfrentar a
difícil e delicada situação que persistia na época. Roma estava agitada e
às voltas com graves transtornos provocados, especialmente, pelo líder
político Arnaldo de Bréscia e outros republicanos que exigiam que fosse
eleito um papa que forçasse a entrega do poder político ao seu partido.
Muitas casas de bispos e cardeais já tinham sido saqueadas. Por isso os
cardeais resolveram escolher o abade Píer Bernardo, justamente porque
ele estava fora do colégio cardinalício, portanto isento das pressões
dos republicanos.
Ele
assumiu o pontificado com o nome de papa Eugênio III. Mas teve de fugir
de Roma à noite, horas após sua eleição, para ser coroado no mosteiro
de Farfa, em Viterbo. Era o dia 18 de fevereiro de 1145. Como a situação
da cidade não era segura, o novo papa e seus cardeais decidiram mudar
para Viterbo. Quando a população romana foi informada, correu para pedir
sua volta. Foi assim, apoiado pelo povo, que o papa Eugênio III
retornou para Roma e assumiu o controle da cidade, impondo a paz.
Infelizmente, durou pouco.
Em
1146, Arnaldo passou a exigir a destruição total de Trívoli. Novamente o
papa Eugênio III teve de fugir. Como se recusou a comandar o massacre,
ele corria risco de morte. Teve de atravessar os Alpes para ingressar na
França, onde permaneceu exilado por três anos.
Os
conflitos não paravam, o povo estava sempre nas ruas, liderado por
Arnaldo, e o papa teve de ser duro com os insubordinados da Igreja que
se aproveitavam da situação. Nesse período, convocou quatro concílios
para impor disciplina. Também depôs os arcebispos de York e Mainz;
promoveu uma séria reforma na Igreja e na Cúria Romana em defesa da
ortodoxia nos estudos eclesiásticos. Enviou o cardeal Breakspear, o
futuro papa Adriano IV, para divulgá-la na Escandinávia, enquanto ele
próprio ainda o fazia percorrendo o norte da Itália.
Só
retornou a Roma depois de receber ajuda do imperador alemão Frederico
Barba-Roxa, contra os republicanos de Arnaldo. Ainda pôde defender a
Igreja contra os invasores turcos e iniciar a construção do palácio
pontifício. Morreu no dia 8 de julho de 1153, depois de governar a
Igreja por oito anos e cinco meses, num período tão complicado e
violento da história. O papa Eugênio III foi beatificado em 1872.
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