sexta-feira, 1 de março de 2024

SÃO FÉLIX III, PAPA

São Félix III, Papa desde o ano 483, teve que enfrentar o cisma do Patriarca de Constantinopla e combater as heresias monofisitas e arianas. Apoiou os Bispos africanos, contra as invasões dos Vândalos, e readmitiu na Igreja todos os cristãos, que tinham sido obrigados ao batismo ariano.
São Félix foi o 48º papa da Igreja católica e seu pontificado ocorreu entre os anos 483-492. Nascido na Itália no ano 440, a vida religiosa de Félix antes de se tornar papa não é muito conhecida. Sabe-se apenas que era proveniente de uma família nobre de nome Anicia e foi indicado para o posto de papa por Odoacro, rei dos hérulos com atuação fundamental na queda do Império Romano do Ocidente. Com o falecimento do Papa Simplício, em 483, foi eleito o Papa Félix III no dia 13 de março do mesmo ano. Curiosamente, ele deveria ter se chamado papa Félix II, pois o pontífice anterior que assumira esse nome, fora na verdade um antipapa imposto pelo imperador Constâncio II. Ocorre que, geralmente, os antipapas não são considerados na lista dos papas, mas Félix II foi mártir e a Igreja reconheceu-lhe a santidade. Por esse motivo, o pontífice celebrado no dia de hoje é considerado Félix III, e não II, como seria de se esperar. Outra curiosidade a respeito de são Félix III é que ele era filho de um padre; isso se explica pelo fato que no período em que Félix viveu, o celibato eclesiástico dos padres não havia ainda sido definido. É por esse mesmo motivo que ele próprio, são Félix, era casado e pai de três filhos. Aliás, um de seus filhos foi pai de outro grande papa: são Gregório Magno (590-604). Seu papado dedicou-se a estabelecer a paz no Oriente e combater heresias do cristianismo na época. A luta pela purificação da doutrina envolveu um combate com Eutiques, um monge de Constantinopla que fundamentava o monofisismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus Cristo era dotado de apenas uma natureza, a divina. A ideia se contrapunha ao que pregava a Igreja do Ocidente, de que Jesus Cristo era dotado de uma natureza divina e de uma natureza humana, e por isso era considerada herética. Esta tensão realmente incomodava os cristãos romanos da época, que viviam em sérias disputas pela imposição de sua doutrina. O debate criou sérios problemas com o patriarcado de Constantinopla. As querelas doutrinárias com o Oriente começaram antes ainda do papado de Félix III. Um ano antes de sua eleição, o imperador do Oriente, Zenão, promulgou um documento que parecia defender ou favorecer o monofisismo. No entanto, a Igreja Católica romana havia condenado tal doutrina no Concílio de Calcedônia realizado em 451. Quando assumiu o posto de Sumo Pontífice, Félix III enviou embaixadores a Constantinopla para discutir com o patriarca os motivos e os fins do documento. Para insatisfação do papa, o patriarca Acácio se recusou a abrir mão do que havia ratificado no documento e supostamente ainda tentou corromper os embaixadores. A reação foi enfática, Acácio foi excomungado, criando, assim, sérias desavenças entre Roma e Constantinopla. A confusão que se criou em torno de disputas doutrinárias gerou um cisma e um ambiente de tensão com a Igreja oriental. A controvérsia entre Oriente e Ocidente durou cerca de 35 anos, e apesar da firmeza de são Félix em não aceitar a heresia monofisita, outras heresias e cismas ocorreram nos séculos sucessivos entre os cristãos orientais e os cristãos latinos. Outra frente de ação que caracterizou o pontificado de são Félix foi a luta em defesa dos bispos africanos, que sofriam com as invasões da tribo dos Vândalos. Após um pontificado atribulado, são Félix morreu no dia 1 de março de 492, sendo sepultado em Roma, na basílica de São Paulo Extra Muros.

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