Evangelho segundo São Lucas 18,9-14.
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros:
«Dois homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu e o outro publicano.
O fariseu, de pé, orava assim: "Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos".
O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: "Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador".
Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1786-1859)
Presbítero, Cura de Ars
Sermão para o 11.º Domingo depois do Pentecostes
Aquele que julga é mais culpado
do que aquele que é julgado
Vemos que o fariseu julgou o publicano de forma temerária, chamando-lhe ladrão, porque ele cobrava os impostos, dizendo, sem o saber, que ele exigia mais do que devia e usava a sua autoridade para cometer injustiças. No entanto, este pretenso ladrão retirou-se da presença de Deus justificado, e o fariseu, que se julgava perfeito, voltou para casa mais culpado; o que mostra que, na maior parte dos casos, aquele que julga é mais culpado do que aquele que é julgado. Estes corações maus são corações orgulhosos, invejosos e ciumentos, pois são estes três vícios que estão na origem de todos os juízos que fazemos sobre o nosso próximo. Alguém foi roubado? Perdeu-se alguma coisa? Pensamos logo que pode ter sido tal ou tal pessoa, e fazemo-lo sem ter o menor conhecimento dos factos. Ah, meus irmãos, se conhecêsseis bem este pecado, veríeis que é um dos pecados mais temíveis, menos conhecidos e mais difíceis de corrigir. Escutai os corações que estão impregnados deste vício: se alguém que ocupa um cargo comete erros, concluem imediatamente que todos os que ocupam esse cargo fazem o mesmo, que não são melhores do que os outros, que são todos ladrões e espertalhões. Ah, meus irmãos, se tivéssemos a felicidade de não ser orgulhosos nem invejosos, nunca julgaríamos ninguém e contentar-nos-íamos em chorar as nossas misérias espirituais e rezar pelos pobres pecadores; estando bem convencidos de que Deus só nos pedirá contas das nossas ações e não das dos outros.
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