Perseguido e morto pela revolução comunista na Hungria, Dom Zoltan: «Confrontado com o dilema fidelidade ou traição», segundo a expressão de Dom Amato, «confirma fortemente sua fidelidade ao Evangelho». Seus perseguidores comunistas, desde o mais alto grau do Estado até os seus guardas, eram animados pelo odium fidei, «o ódio a Deus e à Igreja. As trevas do mal que não aceitam a luz do bem».
Zoltan Lajos Meszlenyi nasceu em 2 de janeiro de 1892, em Hatvan, na Hungria, numa família profundamente cristã. Entrou para o Seminário de Esztergom e, em seguida, foi enviado a Roma para prosseguir seus estudos eclesiásticos. Estudou na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde foi diplomado em Direito Canônico e onde também fez Doutorado em Filosofia e Teologia. Ao longo de seus estudos romanos, foi ordenado padre, em 28 de outubro de 1915.
No seu retorno à Hungria, em 1917, suas capacidades intelectuais e seu vasto conhecimento em línguas estrangeiras (além do grego e do latim, ele dominava o inglês, o alemão, o italiano e o francês) permitiram que ele fosse designado para assumir o escritório central do arcebispado de Esztergom. O bispo Dom Janos Csernoch, que também era bispo Primaz da Hungria, havia sido nomeado para este cargo em 1912, e nele permaneceu até 1927. Seu sucessor, Jusztinian Seredi, Primaz da Hungria de 1927 a 1945, conservou inicialmente Dom Meszlenyi em suas funções; mais tarde, em 1937, nomeou-o um de seus bispos auxiliares.
Sagrado bispo em 28 de outubro de 1937, Dom Meszlenyi encontrou-se associado ao cargo pastoral da maior diocese da Hungria, que contava então com 800.000 católicos, 167 paróquias, 520 padres diocesanos, 671 padres religiosos e cerca de 3.000 religiosos e religiosas.
Após as provações da guerra, a pressão do PCH (Partido Comunista Húngaro), depois a sua progressiva tomada do poder, sustentado pelo exército soviético de ocupação, lançaram Igreja húngara em décadas de tormentos e perseguições.
Em outubro de 1945, Dom Joseph Mindszenty sucedeu ao cardeal Seredi como arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria. Ele expôs seu programa em termos simples:«Roma e a minha pátria serão as duas estrelas que me guiarão.»
Já havia alguns meses que a ofensiva política contra a Igreja havia começado. Sob o pretexto de «nacionalizar» os latifúndios e redistribui-los, um decreto governamental de 15 de março de 1945 confiscou a maior parte das terras pertencentes à Igreja. Segundo Paul Bozsoky et Laszlo Lukacs, «este decreto causaria graves consequências sobre a atividade exterior e social da Igreja. Privadas de seus recursos habituais, determinadas instituições – mosteiros, hospitais, orfanatos, lares de idosos, colégios e escolas secundárias – se encontravam em perigo.»
Paralelamente, a «nacionalização» das editoras e gráficas, o racionamento de papel e a severa censura que dependia do Ministério do Interior («cidadela dos comunistas») entravariam os meios de expressão e de apostolado da Igreja.
Não serão relatadas aqui todas as etapas da perseguição contra a Igreja e todos os atos públicos da resistência espiritual do cardeal Mindszenty. Finalmente, em 26 de dezembro de 1948 ele foi preso. Após um processo superficial e injusto, entre os dias 3 e 5 de fevereiro de 1949, foi condenado à prisão perpétua por atentado à segurança do Estado, espionagem e evasão fiscal.
A hora de Dom Meszlenyi havia chegado. Em 1950, apesar da oposição do governo, os cônegos da catedral de Esztergom elegeram-no como vigário capitular, encarregado de assegurar a direção da diocese durante a ausência do bispo legítimo. Como disse Dom Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos: «Dom Meszlenyi, ainda que avaliando os riscos, aceitou sua nomeação com prontidão e disponibilidade. A repressão do regime não se fez esperar.»
Foi preso dez dias após a sua nomeação. Ficou isolado na prisão de Recsk onde foi interrogado e torturado. Depois, sem nem ao menos ter direito a uma simulação de processo, foi enviado ao campo de concentração de Kistarcsa, perto de Budapest, onde morreu em 4 de março de 1951.
Foi beatificado em 31 de outubro de 2009 pelo Papa João Paulo II.
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