Jesus concluíra sua
pregação na sinagoga de Nazaré com as palavras: “Hoje se cumpriu essa Escritura
que acabais de ouvir”. É o Hoje de Deus que se atua na misericórdia para todos,
sem distinção. Ele não é o vingador, mas o Redentor de bondade. Todos elogiavam
suas palavras. Mas começam a criticar porque, sendo um homem que ali vivia até
então. Como agora está tão poderoso assim, com essa visão nova da realidade
divina? E se escandalizaram e O rejeitaram, levando para fora da cidade para
lançá-lo montanha abaixo. Pedem então que faça milagres para provar que é mesmo
poderoso. Jesus fazia seus milagres para a fé e não para espetáculo. A busca de
milagres como prova de poder é tentar a Deus, como fez o demônio na cena da
tentação (Lc 4,12). Primeiro é necessária a adesão de fé que é amor. Jesus
continua sua pregação: “Nenhum profeta é recebido na própria terra”. E cita
Elias e Eliseu que curam estrangeiros (24-27). Ao dizer a palavra profeta, está
anunciando que Ele é o grande Profeta prometido por Deus semelhante a Moises
que viria com poder de palavras e milagres. Os profetas que Deus enviou não
foram aceitos. Jesus diz que foram assassinados os que eram de Deus: “desde o
justo Abel até Zacarias (não o pai de João) que foi morto entre o altar e o
santuário” (Lc 11,51). Diz também: “Jerusalém que matas os profetas” (Mt 23,37).
Ao serem acusados de não terem fé, sentem-se ofendidos, levam-nO para fora da
cidade para lançá-lo no precipício. Há uma curiosidade: Em Nazaré não há um tal
precipício que dê para jogar alguém. Quem sabe possamos entender que se trata
de pressionar Jesus a mudar de idéia sobre si mesmo e sobre sua missão. Essa
recusa dos chefes é permanente. O povo, ao contrário, se deliciava com as
palavras de Jesus. Hoje a sociedade, e mesmo os cristãos tentam destruir Jesus
sua missão e sua palavra. Não podemos fazer cristianismo sem Jesus.
O amor jamais acabará
Paulo, na primeira
Coríntios (1 Cor 12,31-12,13), oferece o programa da vida cristã, a caridade,
descrevendo-a com todas as cores. O amor misericordioso, proposto pelo Profeta
Jesus, é a razão de toda profecia e o conteúdo de toda evangelização. João diz-nos
que esse amor é o próprio Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,8. O ponto de partida
é a fé em Jesus. Por
isso, recusar Jesus, é recusar o amor. Aceitar Jesus pela fé e vivê-lo na
caridade é ter a esperança. A caridade, infundida em nossos corações pelo
Espírito Santo (Rm 5,5), é o que leva avante a profecia, mesmo em meio às
recusas. Na Paixão Jesus diz à mulheres no caminho do Calvário “Se fazem assim
com o lenho verde, o que não acontecerá com seco? (Lc 23,31). Se perseguiram a
mim, perseguirão também a vós” (Jo 15,20). O amor sustenta os perseguidos e os
mártires. O amor a Deus sustenta o amor ao povo de Deus.
Uma Igreja pouco profética?
A Igreja continua a missão profética de Jesus com
todas suas belezas e agruras. No momento atual ela é convocada a ter maior
ousadia e profetismo para que Jesus não seja excluído da vida do povo de Deus.
Ela precisa crer na força de sua profecia, que não é sua, pois quem fala é
Cristo pela boca de seus profetas. Como lemos em Jeremias 1,5-19, o profeta é
um escolhido por Deus e por Ele garantido. Diz: “Eu farei de ti uma cidade
fortificada ... diante dos Reis, sacerdotes e povo da terra; Eles farão guerra contra
ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te” (Jr
,18-19). Ser profeta custa, mas vale a pena. A cena de Nazaré se repete sempre
onde está presente Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário