PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O que
Deus nos destina
Paulo,
no belo hino da carta aos Efésios, descreve o que Deus nos presenteou: “Abençoou-nos
com toda bênção de seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo; Escolheu
para sermos santos e imaculados; Predestinou-nos a sermos seus filhos adotivos;
Pelo sangue de Cristo nos libertou; Perdoou em Jesus nossas faltas; Fez-nos
conhecer o mistério de sua vontade que é recapitular em Cristo o universo
inteiro (Ef 1,3-10).
Esta destinação, que supera todo nosso entendimento, nos conduzirá a contemplar
a face de Deus (Antífona
de entrada). Toda essa riqueza nós a temos porque acolhemos a Palavra
que nos foi transmitida pelo ministério da profecia e pela pregação dos
apóstolos. Todos esses dons privilegiados decorrem da escolha maravilhosa que
fez para nós: “Em Cristo, Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para que
sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar no amor (4). Ser santo é um
estado de vida que se reflete nas atitudes. Por esse dom participamos da missão
de anunciar o Reino como os apóstolos fizeram. O grande desvio da
espiritualidade foi fazê-la intimista e individualista. Viver a vida cristã é ter
a comunhão que nos faz anunciadores do Reino pela opção por Cristo e não por
uma ideologia espiritual que nos acalenta, mas não nos converte. O Pai nos pôs
em comunhão com Ele através de Jesus pela adoção de filhos que recebemos. É um
compromisso de, com Cristo, realizar a recapitulação de todas as coisas, isto
é, fazer que todas as coisas se dirijam a Cristo. É a grande missão profética
de tornar a Palavra sempre viva e eficaz. Assim o Reino de Deus se torna mais
visível e penetra todas as estruturas.
Uma
missão que transforma.
O envio dos apóstolos, dois a dois como sinal de
testemunho válido, adianta, de certo
modo, o envio no momento da Ascensão. A missão vai com o poder de expulsar os
espíritos impuros. A visão de Marcos é sempre a vitória de Jesus sobre o mal.
“Eles foram e pregaram para que todos se convertessem. Expulsavam os demônios e
curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6,12-13). O mundo novo só acontecerá com
a libertação do mal. Há um requisito muito claro de Jesus aos discípulos: o
desapego de tudo que possa impedir o anúncio. Não ter preocupação de nada, a
não ser que a Palavra seja acolhida. Quem recusa não permite realizar a
comunhão que gera a paz, não recebe a paz. Vemos aqui a figura de profeta de Deus
que foi Amós. Era um fazendeiro, ou coisa assim, que foi tomado pelo desejo de
que Deus fosse o Senhor dos dois reinos do povo. Ali, Amasias, profeta que
trabalhava para agradar ao rei, quer expulsar Amós que é um profeta de Deus.
Amós se defende dizendo que ele não precisa da profecia para comer o pão, pois
já tinha sua vida. Sua missão era um encargo que Deus lhe confiara. Não
profetizava para ganhar o pão, mas para ganhar o povo para Deus.
Opção
pela Palavra
Diante
dos grandes dons que Deus nos deu e os apelos a transformar o mundo pela
Palavra, nos colocamos na atitude de
orante que “quer ouvir o que o Senhor irá falar” (Sl 84). Amós soube ouvir a chamada de Deus.
Os apóstolos ouviram a chamada de Jesus. E nós ouvimos os contínuos apelos que
nos são feitos. É preciso fazer a opção por Jesus Cristo que se comunica
através de sua Palavra. E rezamos: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar
o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração). Ter fé é
ouvir a Palavra com o coração aberto e deixar que sua força cresça em nós.
Leituras: Amós 7,12-15; Salmo 84; Efésios
1,3-10; Marcos 6,7-13.
1.
Deus nos deu tantos bens para sermos santos e
irrepreensíveis a seus olhos, no amor. Esta riqueza foi transmitida pelo
mistério da profecia e da pregação dos apóstolos. Ser santo é um estado de vida
que se reflete nas atitudes. Participamos da missão de anunciar o Reino de
Deus. É desvio da santidade, fazê-la intimista e individualista. Ela é ser
comunhão e anunciadores, participantes da recapitulação do Universo.
2.
Marcos mostra a vitória de Jesus sobre o mal. Por isso
os discípulos expulsam os espíritos maus. Jesus exige o desapego dos discípulos
para que se preocupem só com a Palavra. Quem recusa não permite a comunhão que
gera a paz. Amós procurava a comunhão dos dois reinos. Era profeta por vocação
e não pelo pão.
3.
Diante dos dons de Deus nós nos colocamos em atitude
orante para ouvir o que o Senhor irá falar. É preciso fazer a opção por Jesus
que se comunica através da Palavra.
Tal
pai, tal filho!
Jesus enviou os apóstolos em missão por todos os lugares onde Ele
próprio deveria ir. Como Jesus fazia, eles
faziam também: expulsavam demônios, curavam os doentes... Trabalho bonito! E
disse também que fossem desapegados, pois para anunciar o Reino é preciso estar
livre de tudo. Se não fossem recebidos deveriam sacudir a poeira dos pés em
testemunho contra eles.
O profeta Amós foi expulso do santuário de Betel pelo sacerdote Amasias
que profetizava para agradar o rei e não para anunciar a Palavra de Deus. Amós
replica que sua pregação não era para ganhar dinheiro, mas para servir à
Palavra de Deus.
A recusa à
Palavra de Deus e a quem a anuncia é uma força do mal que recusa o dono da
Palavra que é Jesus. O profeta passa pelo que passou Jesus. Tal pai, tal filho.
Nossa disposição é o que diz o Salmo: “Quero ouvir o que o Senhor irá
falar.” A Palavra de Deus pode modificar nossos caminhos. A conversão só nos
traz bem.
São Paulo nos escreve que tudo se encaminha para Cristo. O verdadeiro
filho de Deus escuta as palavras de Jesus.
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