Evangelho segundo São Lucas 8,4-15.
Naquele tempo, reuniu-se uma grande multidão, que vinha ter com Jesus de todas as cidades, e Ele falou-lhes por meio da seguinte parábola:
«O semeador saiu para semear a sua semente. Quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho: foi calcada e as aves do céu comeram-na.
Outra parte caiu em terreno pedregoso: depois de ter nascido, secou por falta de humidade.
Outra parte caiu entre espinhos: os espinhos cresceram com ela e sufocaram-na.
Outra parte caiu em boa terra: nasceu e deu fruto cem por um». Dito isto, exclamou: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».
Os discípulos perguntaram a Jesus o que significava aquela parábola
e Ele respondeu: «A vós foi concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros serão apresentados só em parábolas, para que, ao olharem, não vejam, e, ao ouvirem, não entendam.
É este o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus.
Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas depois vem o diabo tirar-lhes a palavra do coração, para que não acreditem e se salvem.
Os que estão em terreno pedregoso são aqueles que, ao ouvirem, acolhem a palavra com alegria, mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se quando chega a provação.
A semente que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, sentem-se sufocados e não chegam a amadurecer.
A semente que caiu em boa terra são aqueles que ouviram a palavra com um coração nobre e generoso, a conservam e dão fruto pela sua perseverança».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1221-1274)
Franciscano, doutor da Igreja
Breviloquium, Prólogo, 2-5
«A semente é a palavra de Deus»
A origem da Escritura não se situa na investigação humana, mas na Revelação divina, que provém do «Pai das Luzes», «de quem recebe o nome toda a paternidade nos Céus e na Terra» (Tg 1,17; Ef 3,15). É dele que, por seu Filho Jesus Cristo, o Espírito Santo Se derrama em nós. Pelo Espírito Santo, que distribui os seus dons a cada um de nós segundo a sua vontade (cf Heb 2,4), é-nos dada a fé e, pela fé, Cristo habita em nossos corações (cf Ef 3,17). Deste conhecimento de Jesus Cristo deriva, como de uma fonte, a solidez e a inteligência de toda a Sagrada Escritura. É, pois, impossível entrar no conhecimento de Escritura sem possuir em primeiro lugar a fé infusa em Jesus Cristo, que é a luz, a porta e o alicerce de toda a Escritura.
O resultado ou o fruto da Sagrada Escritura é a plenitude da felicidade eterna. Porque a Escritura encerra «palavras de vida eterna» (Jo 6,68); portanto, ela não foi escrita só para que acreditemos, mas também para que possuamos a vida eterna, na qual veremos e amaremos, e onde os nossos desejos serão inteiramente satisfeitos; então, conheceremos verdadeiramente o amor «que ultrapassa todo o entendimento» e assim ficaremos «totalmente saciados na plenitude de Deus» (Ef 3,19). É nesta plenitude que a divina Escritura se esforça por nos introduzir; é em vista deste fim, é com esta intenção que a Sagrada Escritura deve ser estudada, ensinada e entendida.

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