terça-feira, 16 de junho de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Bem-aventurados”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE

Intercessores numerosos 
Alguém comentou que ultimamente só os papas ficam santos. Não é bem verdade, pois, agora é que os papas são santos. Não é verdade, pois temos muitas beatificações e canonizações nos últimos tempos. Esse fato não tira a força da festa de hoje, dia em que comemoramos todos aqueles fiéis e mesmo fora da Igreja, que viveram uma vida de amor à justiça na caridade. A festa atual quer lembrar todos, inclusive nossos parentes e amigos que agradaram a Deus. São poucos declarados santos. E os outros? Não são santos? São tão santos quanto os declarados. Aliás, santidade não tem tamanho. Esses são colocados como exemplo, modelo e estímulo à santidade. Reflete-se no dia de hoje a grande chamada de todos à santidade, como lemos no capítulo V da Lumen Gentium. Todos podem ser santos. S. Afonso diz: Todos podem ser santos na condição em que vivem. Por isso a santidade é aberta a todos. A liturgia de hoje quer “celebrar numa só festa o mérito de todos os santos” (Oração). A santidade do povo de Deus não se faz por gestos grandiosos, como temos em muitos santos, mas pela simplicidade de vida dedicada e carregada como uma cruz seja nos trabalhos, seja nos sofrimentos. Ela se faz de modo particular através das pequenas coisas de cada dia. São os santos do silêncio da vida. Só Deus sabe o que passam e o que sofrem. Quanta gente dedicada aos irmãos no escondimento. São pais e mães que lutam pela sobrevivência da família. São aqueles que se entregam a missões de cuidado dos necessitados. São aqueles do silêncio ou da atividade pela vida do mundo. 
Felizes todos vós 
Jesus já deu a receita desse caminho simples da santidade quando, reunindo em torno de si seus discípulos, fez o discurso das bem-aventuranças. Ali está a síntese de tudo de bom que o ser humano pode fazer. É a felicidade dos filhos na casa do Pai. Jesus é o modelo acabado desse projeto de santidade. São as bem-aventuranças. É caminho de todo aquele que busca Deus. Esse caminho está direcionado a Deus, mas passa pelo irmão. Todo homem e mulher podem realizá-las em sua vida. Compreendemos que Jesus está a dizer: “Façam como eu faço”. É necessário um grande exercício de purificação de nossa vida espiritual, pois está eivada de inutilidades. Para fugir do compromisso com a humildade, foram criados, ao longo da história tantos métodos de espiritualidade, fórmulas religiosas, modelos ricos de reflexão, mas vazios desse ensinamento de Jesus. Nossa fé fica vazia quando a fazemos fora desse natural cristão. Insistem-se nas longas horas de oração, nas penitências até violentas e textos complicados de reflexão espiritual. Santa Teresinha o descobriu como a pequena via, mas cheia de vida. As oito bem aventuranças são outros tantos nomes do amor. O Papa Francisco é um modelo dessa simplicidade.
Somos filhos de Deus 
Justifica-se esse ensinamento de Jesus quando lemos a carta de S. João dizendo que somos filhos de Deus. Se somos filhos, estamos na mesma condição de Jesus que é o Filho amado do Pai. “Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele porque O veremos tal como Ele é” (1Jo 3,2). Seremos se tivermos sido semelhantes a Ele na prática do Evangelho. Notamos que as palavras do Evangelho não são o caminho do cristão. Buscam-se outras coisas porque não nos comprometem. O amor não é pesado nem difícil, mas empenha a vida em sua totalidade, como foi para Jesus que foi até o extremo do amor. E por isso mesmo Ele foi pregado na cruz. A cruz não é a dor, mas o amor. 
Receita de Jesus 
Hoje em dia tem receita pra tudo. Jesus não ficou para trás. Não só traz uma receita para a vida em Deus, mas o único caminho para chegar ao Céu. A receita é boa porque traz tudo que é preciso para ser completa. Todas as receitas têm algo de bom. Mas, as bem-aventuranças têm tudo para a vida ser plena e sadia. Jesus toca o essencial. Muita gente e mesmo santa propôs muitos caminhos de santidade. Certo que contém muito do essencial. Mas os aprendizes pegam só detalhes. Dá-se a impressão que as Sagradas Escrituras não são a base da vida. Sem isso, não conseguimos. Jesus apresenta a receita completa para a felicidade.

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