domingo, 18 de dezembro de 2016

Homilia do 4º Domingo do Advento (18.12.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Ele vai salvar seu povo”
José, esposo de Maria
            A partir do dia 17 de dezembro já estamos na preparação imediata do Natal, por isso, o quarto domingo do Advento nos traz a narrativa do anúncio do nascimento de Jesus a José. José e Maria estavam já na primeira fase do casamento que era o contrato. Já eram casal. Depois vinha a festa quando a noiva era levada para casa do noivo. Maria está grávida por ação do Espírito Santo. Sem saber, José pensa em abandonar e não denunciar a esposa que seria condenada à morte. Durante o sonho Deus comunica o que acontecera. Sonho era um modo de conhecer a vontade de Deus. É comum no Antigo Testamento essa comunicação da vontade de Deus. José é chamado filho de Davi, pois daria o nome a Jesus e a descendência de Davi. A gravidez de Maria é por ação do Espírito Santo. Pertence a Deus. O nome da criança é simbólico, e já é logo explicado: “pois vai salvar seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). Vemos a seguir que, para anunciar a virgindade de Maria, Mateus procura o fundamento na Escritura no oráculo da virgem que daria à luz um filho. Vemos como se usa a Escritura para confirmar. Deus dá um sinal a um rei que não quer saber de sinais. A profecia não se refere a um parto virginal. A tradução para o grego já faz a interpretação. Essa tradução é anterior a Cristo. Recebendo Maria como esposa, José simboliza a Igreja que acolhe Cristo. Assim se interpreta a fé desse homem que recebeu a missão de ser o pai legítimo de Jesus perante a lei, pois o acolheu e deu o nome. É a atitude de fé que sabe ouvir o Espírito Santo nas decisões fundamentais da vida.
Nasceu para todos
            Os textos do evangelho contam a situação na encarnação do Filho de Deus. Contudo, o nascimento de Jesus não é uma questão familiar. Paulo, escrevendo aos romanos coloca clara a questão da universalidade da salvação. Foi escolhido para o Evangelho de Deus. Sua vocação é um chamado para o apostolado “a fim de que poder trazer à obediência da fé todos os povos pagãos para a glória de seu nome” (Rm 1,5). O salmo convida a que se abram as portas para que o Rei da Glória possa entrar (Sl 23). O acontecimento não é somente uma questão local, mas abrange todo o universo. Além do mais, a terra e o mundo interno pertencem a ele. Toda a beleza do Natal que ainda resta, é um testemunho ao mundo que Ele nasceu para todos. Ainda sobrevive a ideia do rei Acaz de que não vai importunar Deus: “Não pedirei nem tentarei ao Senhor” (Is 7,12). Descartar Deus é o que, inclusive os bons cristãos, fazem. A vida não é direcionada a Deus, nem por Ele dirigida. Erigiram-se templos e altares a deuses feitos por nossas mãos. Quando a gruta de Belém perde seu calor é porque o ser humano já perdeu seu sentido.
Espírito de Belém
            Na última semana do Advento temos a preparação imediata que nos coloca em relacionamento com Cristo em seus títulos. Ele é a Sabedoria, o Senhor, a Raiz de Jessé, a Chave de Davi, o Emanuel, o Sol Nascente e o Rei e Senhor das Nações. Ensinam-nos a conhecer a Cristo e desejá-Lo. Por isso o Advento é um clamor: “Vinde, Senhor Jesus!”. O espírito de Belém é a abertura para acolher. Por isso o símbolo da gruta aconchegante, quentinha (os animais aquecem o ambiente) pelo calor humano da fraternidade. Acolher Jesus na pessoa do outro, sobretudo os familiares e também, no gesto da fraternidade, com os necessitados. Os presentes respondem ao presente de Deus para nós que é Jesus. Encontrar Deus é sair de si. Reunir-se é esquecer o egoísmo. Belém é aqui.
Leituras: Isaias 7,10-14; Salmo 23; Romanos 1,1-7;Mateus 1,18-24
Ficha nº 1606 – Homilia do 4º Domingo do Advento (18.12.16)
 
1.       José entra na História da Salvação como um personagem e como um símbolo nos diversos sinais que estão no texto. Ele se deixa dirigir pela fé. Assim define a vida.
2.      Paulo em sua missão proclama que a salvação veio para todos, mesmo tendo Jesus nascido de um povo.
3.      Jesus recebe diversos nomes que manifestam sua missão. No Advento gritamos: Vinde! O espírito de Belém é a abertura para acolher na fraternidade.
  Um sonho bem bom
              Acordar depois de um sonho gostoso é muito bom.
              No Antigo Testamento o sonho era tido como um dos meios das comunicações de Deus. Podemos entender que, quando trabalhamos as realidades na fé, é como um sonho. Deus fala por meio dela. Foi o que aconteceu com José.
              Sendo Maria prometida em casamento, aconteceu a gravidez pela ação do Espírito. Sendo prometida esposa, eles já estavam casado. Faltava a festa do casamento e o início da vida em comum. Maria aparece grávida. Explicar o quê? José pensa em abandoná-la e não expô-la, inclusive com o risco de ser morta. Foi capaz de elaborar, com o auxílio da graça, a resposta a Deus.
              Esse texto do evangelho do quarto domingo nos ensina a missão de Jesus. Como profetiza Isaias: Uma virgem dará à luz. Ele será Deus Conosco. Em Maria se cumpre essa profecia. Como rezamos no salmo, Ele é o Senhor a quem tudo pertence. É o Rei Glorioso que Se encarna. Ele é o descendente de Davi, depositário das promessas. É Dele que vem a graça do apostolado.
              Esse texto de Mateus é claro quanto à geração Divina de Jesus, nascido de uma mulher, da família de Davi. Ele tem definitivamente o trono de Davi, para sempre. Ele será o Salvador da humanidade.
              A oração da coleta da missa é uma expressão muito clara de todo o Mistério Pascal que acontece em cada acontecimento da vida de Jesus: “Derramai a graça em nossos corações, para que, conhecendo... a encarnação de vosso Filho, cheguemos por sua Paixão e Cruz à glória da Ressurreição”. É um único mistério que acontece em manifestações diferentes. A encarnação de jesus não se refere só ao corpo de Maria, mas a toda a humanidade.

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