Desde 03.08.04
estamos refletindo semanalmente uma temática espiritual que segue um esquema de
um curso de espiritualidade. É um conta gota de espiritualidade. Hoje entramos em
um dos temas mais elevados da espiritualidade: A noite da alma. Este tema exige
experiência e conhecimento. Na vida humana há momentos difíceis que chamamos
até de depressivos. Os sofrimentos que provêm de nossa fragilidade ou são
ocasionados por circunstâncias ou são uma constante na vida. Não é uma
depressão de fundo doentio. A escuridão da alma, ou noite do espírito, é um
estado espiritual no qual perdemos o sentido das coisas religiosas: Parece que
não temos mais fé; Não sentimos prazer na oração; É uma aridez total. Tem-se a
impressão que perdemos o sentido das coisas. O que fizemos perde todo seu
valor. Tem-se a sensação de estar condenado, de ser abandonado por Deus. As
tentações aumentam. A força de vencer diminui. Que falta para ficar pior? Não
saber o que está acontecendo. O próprio Jesus passou por isso: “Meu Deus, meu
Deus, porque me abandonastes?”(Mt 27,48); Os santos passaram por isso. S. Afonso chorava; S.
Paulo da Cruz viveu 40 anos neste estado; S. Teresinha, dizem, não sentia
prazer na oração; É fato que todos passam, mais ou menos, por esta situação.
Infelizmente tantos não sabem o que está acontecendo e, pior, quando o assistente espiritual não
entende nem tem doutrina suficiente para orientar. Aí piora tudo. Alguns caem.
São João da Cruz, que fez a experiência, explica com profundidade. Podemos
dizer que é a noite do amor total, quando, por sermos tão amados, nos perdemos
em Deus. Analise sua vida e verá. Encontramos esta realidade em muitos textos
da Escritura. Não nos damos conta à primeira vista.
835. Força de vencer
Há um só remédio que
dá forças para sustentar essa batalha que parece perdida: Deus amor que, mesmo
parecendo distante, é a presença constante. Trata-se de continuar crendo, amando
e esperando. Se tudo acaba, Deus não acaba. S. Teresa diz: “Só Deus basta”.
Amar a Deus não por nós, mas por Ele. Nos salmos encontramos esta situação e a
resposta é sempre a mesma: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando
entrarei e verei a face de Deus?” (Sl 42,2). Quanto mais nos convencermos que Deus é o tudo, mais
nos despojaremos das coisas que são secundárias. Deus é a fonte da energia que
nos fortalece nesta noite do espírito. É o que podemos contemplar em Jesus na
total escuridão da morte: “Não deixarás a minha alma no abismo, nem permitirás
que o teu Santo veja a corrupção” (At 2,27). É importante neste momento o apoio de quem conheça
este momento de um coração que ama Deus. É fundamental não deixar de fazer o
que sempre fez na Igreja, na fé, nos sacramentos, na oração. Não tenho prazer
nem gosto. Tenho fé pura. E basta.
836. Frutos da noite
Passamos
a conhecer que a cruz de Jesus faz parte de nossa vida e é nossa salvação.
Somos purificados de tantos males que nos retardam no caminho de Deus. Mesmo
coisas boas espirituais, mas que são para nós e não para Deus, são reformuladas.
É a hora do desapego. Tornamo-nos prontos para outras batalhas. O maior ganho é
sentir Deus como Alguém, o Outro que me ama. Este despojamento nos coloca em
condições de ir ao encontro dos outros. “Quem conheceu o Amado, tudo faz para
que seja conhecido e amado”. Após a noite da dor, chega a noite do encontro com
o Amor que nos ama.
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