O crescimento acontece
em todo o ser vivo. A vida tem um percurso como o dia que amanhece, chega ao zênite,
e depois vai ao entardecer e chega a noite. Nesse processo de crescimento há
fatores humanos, naturais, culturais, geográficos etc... que influem de modo
decisivo. O mesmo se diz do crescimento espiritual. Não nascemos prontos, nem
somos espirituais como num passo de mágica. Infelizmente o crescimento
espiritual não é preocupação para muitos. Para alguns basta ter algo espiritual, como um sentimento
espiritual, ou até superstições que me defendam. Uma vez que a espiritualidade
depende também de Deus, essas fragilidades podem ser superadas. Pensar, querer
e projetar a vida espiritual faz parte da categoria tempo. Como vivemos um
tempo atropelado e reduzido a um processo de intensa rapidez, pensamos que a
vida espiritual também é assim. Nossa vida espiritual se fortifica e cria cerne
na medida que a exercitamos e acolhemos a ação do Espírito em nós. Paulo
escreve que a meta do crescimento é Cristo: “Até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo”
(Ef 4,13); Não cresceremos se nos deixarmos levar
por aquilo que impede o crescimento: “Não seremos mais crianças, joguetes das
ondas, agitadas por todo o vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens
e de sua astúcia que nos induz ao erro, mas, seguindo a verdade em amor,
cresceremos em direção Àquele que é a
Cabeça, Cristo” (14-15).
O crescimento humano tem suas fases. Assim é a vida espiritual. Crescemos
sofrendo as tempestades da vida. Jamais estaremos prontos. Mas todo crescimento
é sempre grandioso.
853. Pelos frutos conhecemos a
árvore
Uma é a
espiritualidade da criança, outra a do jovem, a do adulto, a do ancião, a do
especial etc… Não é certo exigir de uma criança ou jovem o que se deve exigir a
um adulto. O nivelamento da espiritualidade, igualando todos é sinal claro de
desconhecimento do que seja um caminho espiritual. Os frutos são o sinal da
maturidade e da vitalidade da árvore em cada época. Esses frutos são o bom
relacionamento com as pessoas, isto é, o amor, o gosto pelas coisas
espirituais, a capacidade de servir, o desejo de estar em comunhão com as
pessoas, o empenho de rezar, a partilha da vida da comunidade, a luta serena e
segura contra o pecado e os pequenos vícios que sempre afloram, o domínio de
si. Nada disso com neurose, escrúpulo, o que não seria caminho de santidade.
854. Crises de crescimento
Ter
crise espiritual não é só normal mas bom e necessário, pois sem elas não se cresce.
Um adolescente que continua sendo criança ou adulto muito cedo, sofrerá no
futuro, pois lhe faltou a crise do crescimento. O povo de Deus passou quarenta
anos em crise no deserto. Perdeu a estabilidade do Egito e não via a futura
terra da promessa. A Igreja passa por constantes crises de crescimento e isto,
por este prisma é bom. Uns voltam ao passado, outros se metem por novidades.
Quem sabe crescer, sofre, mas cresce. Toda crise exige a consciência de um
momento especial da vida. É bom saber interpretar
a experiência e reagir. Aqui notamos a necessidade de pessoas com experiência
espiritual para acompanhar a fase. Erro é apelar para forças exteriores, para
julgamentos precipitados e soluções apressadas. É bom que haja crise. O duro é
atravessá-las. Sem crise não se cresce.
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