Evangelho segundo S. João 1,1-18.
No princípio
era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele
estava com Deus. Tudo se fez por meio d'Ele e sem Ele nada foi feito. N'Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas
trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus,
chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que
todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar
testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo,
ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não
O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas
àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e
habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho
Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d'Ele,
exclamando: "Era deste que eu dizia: 'O que vem depois de mim passou à minha
frente, porque existia antes de mim'". Na verdade, foi da sua plenitude que
todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de
Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca
ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a
conhecer.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Leão Magno (?-c. 461), papa,
doutor da Igreja
1.º sermão para a Natividade do Senhor; PL 59, 190
«E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.»
Nosso Senhor, irmãos bem-amados, nasceu
hoje: regozijemo-nos! Não é permitido estarmos tristes neste dia em que nasce a
vida. Este dia destrói o receio da morte e enche-nos da alegria que a promessa
da eternidade dá. Ninguém ficou afastado desta alegria; um único e mesmo motivo
de alegria é comum a todos. Pois Nosso Senhor, ao vir destruir o pecado e a
morte [...], veio libertar todos os homens. Que o santo exulte, pois aproxima-se
da vitória. Que o pecador se alegre, pois é convidado ao perdão. Que o pagão
tome coragem, pois é chamado à vida. Com efeito, quando chegou a plenitude dos
tempos determinada pela profundidade insondável do plano divino, o Filho de Deus
desposou a nossa natureza humana para reconciliá-la com o seu Criador. [...]
O Verbo, a Palavra de Deus, que é Deus, Filho de Deus, que no princípio
estava com Deus, por quem tudo se fez, e sem quem nada foi feito, tornou-Se
homem para libertar o homem de uma morte eterna. Baixou-Se para assumir a nossa
condição humilde sem que a sua majestade ficasse diminuída. Continuando a ser o
que era e assumindo o que não era, Ele uniu a nossa condição de escravos à sua
condição de igual a Deus Pai. [...] A majestade reveste-Se de humildade, a força
de fraqueza, a eternidade de mortalidade: verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na
unidade de um único Senhor, «único mediador entre Deus e os homens» (1Tim 2, 5).
[...]
Demos graças, portanto, irmãos bem-amados, a Deus Pai, por seu
Filho, no Espírito Santo. Porque, na sua grande misericórdia e no seu amor por
nós, Ele teve piedade de nós. «Quando estávamos mortos pelo pecado, Ele fez-nos
tornar a viver por Cristo», querendo que sejamos nele uma nova criação, uma nova
obra das suas mãos (Ef 2,4-5; 2Cor 5,17). [...] Cristão, toma consciência da tua
dignidade.
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