domingo, 13 de março de 2016

JOVENS CUIDANDO DE UM HANSENIANO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
Alguns jovens focolarinos contam o que puderam fazer a um hanseniano, encontrado no fundo de uma floresta: 
- A estação das chuvas terminara. Ficamos sabendo que vivia solitário no meio da mata, um pobre leproso. Combinamos de ir visitá-lo. Éramos em três amigas e saímos logo de manhãzinha, num dia abafado e quente. Após cerca de quatro horas caminhando no meio de mato, encontramos o leproso entre duas árvores enormes, prostrado debaixo de uma cabana coberta com palhas e sustentada por bambus. Ali estava ele num acúmulo de chagas purulentas, olhos semi-cerrados, num total abandono e desânimo. Ao nos avistar pareceu criar novo ânimo. Profundamente comovidas, ajoelhamo-nos junto ao catre ou esteira do enfermo e procuramos anima-lo com palavras afetuosas: Deus lhe queria bem e nós também. Sorriu finalmente. Foi batizado com o nome de João e pediu que não fossemos embora. Conformou-se quando dissemos que voltaríamos no dia seguinte. Colocamos um terço em seu pescoço, pois seus dedos carcomidos e mutilados pela doença não podiam segurá-lo. No dia seguinte bem cedinho retomamos o caminho da cabana. Levamos um pouco de açúcar, alguns biscoitos e outros agrados. Chegando à choça, no meio da mata, vimos que João estava nas últimas. Reconheceu-nos e fez menção de levantar, mas não conseguiu. Com as extremidades mutiladas dos braços fez grande esforço para segurar o terço que tinha no pescoço querendo dizer que sentia-se muito agradecido por tudo. Com muito carinho, Clara pôs na sua boca um pouco de açúcar, mas não pôde engolir. Não havia mais nada a fazer. De fato, sua fronte estava esfriando. Clara falou que Nossa Senhora estava ali para o ajudar e confortar. A estas palavras o agonizante sorriu. Já não conseguia falar. Assentamo-nos junto ao nosso irmão agonizante e começamos, baixinho, a rezar o terço. Vez por outra João sorria levemente enquanto os olhos apagados pareciam reacender-se. No quinto mistério notamos ligeiras contrações no seu rosto. Clara ergueu sua cabeça com um cobertor para facilitar a respiração. João abriu bem os olhos, contemplou-a sorrindo e depois, prostrando-se, exalou o último suspiro. Cobrimos com uma esteira aquele acúmulo de misérias e voltamos para nossa cabana a dois passos da floresta, onde havíamos acampado. No caminho refletíamos sobre a serenidade cristã com que João aceitou e suportou tanto sofrimento. 
Outra reflexão que pesou muito: Até quando presenciaremos cenas de preconceito contra os hansenianos, obrigados pela sociedade egoísta a viver segregados do convívio humano?...
- Que surjam mais almas generosas, prontas para consumir a própria juventude em favor de uma causa nobre!
http://www.boletimpadrepelagio.org/

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