segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Não temais, sou eu!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Quando Jesus
veio andando sobre as águas, os discípulos gritaram de medo. Jesus lhes disse: “não tenham medo, sou eu!”. O temor diante de Deus é uma realidade constante no meio do povo. Podemos dar um exemplo: quando fazemos alguma coisa errada, da qual a consciência nos acusa, nossos olhos fogem das imagens, como se não quiséssemos ser descobertos. A gente até diz: não tenho nem coragem de olhar para o Crucifixo. Temos medo. Outra coisa é o temor de Deus: respeito a Deus e esforço para não romper a aliança com Ele através do mal feito, do pecado. 
Antigamente em nossa formação, era muito comum se ouvir aquela frase: “Deus me vê”. E isso estava mais voltado para as falhas no sexto mandamento. Estaria dizendo que nos persegue com o olhar para nos pegar em erro. Será esse o Deus de Jesus, seu Pai querido? Certamente o pecado não perde sua gravidade só porque Deus é bom demais. Ele perdoa, mas quer nossa conversão. O que Ele quer é ser conhecido como Deus de ternura e bondade. Assim reza o salmo: “Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, pela tua bondade, ó Senhor”. (Sl 25,19). Toda a experiência que o povo de Israel tem de Deus, é uma experiência de um Deus que cobra, mas que usa de misericórdia e bondade. Quem fala por último nos pecados é a bondade do Deus que perdoa e acolhe o que se volta pare Ele. “Não tenhais medo”. 
A experiência do Novo Testamento é muito maior. Paulo, escrevendo a Tito descreve a vinda de Jesus ao mundo: “Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens...” (Tito.3,4). Jesus é Salvador, Redentor, Juiz do Universo, mas quando aparece para nós na forma de uma doce criança, é a expressão mais acabada da bondade de Deus. Tem consciência do direito (e reclama) de ser bondoso como uma ordem do Pai: “A vontade daquele que me enviou, é que eu não perca nenhum daqueles que me deu” (Jo 6,39). Que mais se precisaria dizer depois de ouvir a parábola da ovelha perdida, do bom samaritano, da bondade de Jesus para com os doentes, os fracos e os pecadores. Somente um Deus bondoso se ocupa em abraçar os pequeninos. 
Santo Afonso diz que o amor é capaz de levar a uma conversão consistente, o temor leva à conversão também, mas por pouco tempo. A atitude fundamental que devemos aprender é que Deus nos ama, compreende e conduz sempre com bons modos para o bom caminho. Não existe castigo para nossos pecados. Se algum pecado provoca conseqüências, é por sua própria realidade. A gente ouve dizer: Deus está castigando...Não é verdade. Podemos quando dizer que o pecado traz sofrimento que nos levam a um arrependimento e a uma correção. A Igreja igualmente é convidada sempre a seguir o exemplo de Jesus, tratando com carinho a todos, usando misericórdia e conduzindo à conversão. Os maus-tratos e grosserias que usamos não são de Deus.
ARTIGO REDIGIDO E DISTRIBUÍDO
EM MARÇO DE 2003

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