Evangelho segundo São Mateus 6,7-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito.
Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes.
Orai assim: "Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido;
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
Porque, se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará.
Mas, se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas faltas».
Tradução litúrgica da Bíblia
Carmelita descalço, doutor da Igreja
«Subida do Carmelo» III, 43/44
«Orai assim»
De tudo o que diz respeito à oração e a exercícios de devoção, detenhamo-nos apenas nos ritos, ou maneiras de rezar, ensinados por Cristo. Não podemos duvidar de que, quando os discípulos pediram a Nosso Senhor que os ensinasse a rezar (cf Lc 11,1), Ele lhes disse tudo o que era necessário para serem atendidos pelo Pai eterno, cuja vontade conhecia perfeitamente. Ora, Jesus apenas lhes ensinou os sete pedidos do pai-nosso, no qual está contida a expressão de todas as nossas necessidades corporais e espirituais. Não lhes ensinou uma quantidade de orações e de cerimónias; pelo contrário, disse-lhes noutra ocasião que não multiplicassem as palavras ao rezar, porque o nosso Pai do Céu sabe muito bem aquilo de que temos necessidade.
A única coisa que lhes recomendou, e fê-lo com viva insistência, foi que perseverassem na oração, ou seja, na recitação do pai-nosso. Porque também disse: «É necessário rezar sempre, sem nunca desfalecer» (Lc 18,1). Assim, Ele não nos ensinou a multiplicar os pedidos, mas a tornar a fazê-los, muitas vezes, com fervor e atenção. Porque, repito, estes pedidos do pai-nosso encerram tudo o que está de acordo com a vontade de Deus e tudo o que nos é útil. Por isso, quando o Mestre divino por três vezes Se dirigiu ao Pai eterno, em todas elas repetiu as mesmas palavras do pai-nosso, como reportam os evangelistas: «Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» (Mt 26,42).
Quanto aos ritos que devemos seguir na oração, Cristo deu-nos apenas dois: ou «entrar no quarto mais secreto» (Mt 6,6) e aí, longe de todo o ruído e com toda a liberdade, rezar com um coração puro e despreocupado; ou procurar locais solitários, como Ele próprio fazia, para orar nas horas mais favoráveis e silenciosas da noite (cf Lc 6,12).
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