sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Dias da Semana Santa”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Três dias de tensão.
 
Hoje vamos dar uma visão de conjunto dos dias da Semana Santa, quando celebramos o Mistério Pascal de Cristo. Passado o Domingo de Ramos vivemos um clima de caminho com Cristo. Acompanhamos sua tensão interior e choques com os chefes do povo e da religião. Na 2ª,3ª e 4ª feiras, lemos textos do profeta Isaias que falam do servo sofredor. Jesus é este servidor de Deus que se entrega por nós. Nos evangelhos acompanhamos o esboçar-se da traição de Judas e a decisão dos “homens” de matar Jesus. Na quinta-feira de manhã temos a missa da bênção dos Santos Óleos (catecúmenos, crisma e enfermos) que entram na confecção dos sacramentos. Os sacramentos nascem do Mistério da morte e ressurreição de Jesus, e são eles a nos dar os frutos da redenção conquistada por Jesus. 
Uma bacia e uma toalha. 
Ao cair da tarde de 5ª feira iniciam-se as grandes celebrações. A missa da Ceia do Senhor, relembra 4 pontos fundamentais: a Eucaristia, pão e vinho que tornam presente o sacrifício redentor de Cristo; a instituição do sacerdócio quando Jesus diz: fazei isso em memória de mim; o mandamento do amor que é o caminho da vida e salvação, síntese de tudo o que Jesus foi e ensinou; a humildade, maior virtude, para viver como Jesus viveu. Mais bonito ainda é ver Jesus sintetizar tudo isso na cerimônia do Lava-pés. Ali está o sacerdócio como serviço, a maneira de amar com humildade e a explicação da Eucaristia e da morte-ressurreição de Jesus, modo de Deus amar e servir o mundo, vivido e ensinado pelos cristãos: partir e repartir. Após a missa temos a adoração silenciosa junto à agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. Simples: ma bacia e uma toalha, resume muito. 
Uma cruz e uma lágrima. 
Não temos missa na Sexta-Feira Santa, pois o sacrifício celebrado na missa se realiza em Jesus Crucificado. Ali, o Deus-Homem chega ao absurdo do amor: entregar-se pelos que ama. “Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos”. Ele era nosso amigo quando não éramos ainda seus amigos. Última gota de sangue, última prova de amor. Na liturgia das 15 horas celebramos a morte de Jesus. Ela se torna presente. Ouvimos a Palavra de Deus que proclama a presença desta morte, rezamos por todas as necessidades do mundo e adoramos Jesus morto sobre o madeiro. Quanta dor e sofrimento no Filho, na Mãe e nos amigos! “Uma espada traspassará tua alma”. Mãe das Dores, rogai por nós. Ao final temos a Comunhão. Celebramos Cristo morto, mas Ele está vivo.Por isso podemos participar totalmente de seu mistério pela comunhão de seu Corpo e Sangue redentores. 
Um túmulo vazio. 
Passamos o Sábado no silêncio ao lado do túmulo silencioso. Não há celebração, há somente a dor silenciosa pela morte de um Deus. Nosso Deus não mata, morre por nós. À hora noturna iniciamos a celebração da Vigília Pascal. É o dia que escolhi para ir para o Céu. Lindíssimo. Celebro este mistério com uma alegria incalculável. É o fogo novo, a proclamação da Páscoa, as leituras, a renovação das promessas do batismo, a celebração Eucarística. Ressuscitamos com Ele. Passemos estes dias ouvindo a Palavra e abrindo o coração.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2003

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