Hoje vamos dar uma visão de conjunto dos dias da Semana Santa, quando celebramos o Mistério Pascal de Cristo. Passado o Domingo de Ramos vivemos um clima de caminho com Cristo. Acompanhamos sua tensão interior e choques com os chefes do povo e da religião. Na 2ª,3ª e 4ª feiras, lemos textos do profeta Isaias que falam do servo sofredor. Jesus é este servidor de Deus que se entrega por nós. Nos evangelhos acompanhamos o esboçar-se da traição de Judas e a decisão dos “homens” de matar Jesus. Na quinta-feira de manhã temos a missa da bênção dos Santos Óleos (catecúmenos, crisma e enfermos) que entram na confecção dos sacramentos. Os sacramentos nascem do Mistério da morte e ressurreição de Jesus, e são eles a nos dar os frutos da redenção conquistada por Jesus.
Uma bacia e uma toalha.
Ao cair da tarde de 5ª feira iniciam-se as grandes celebrações. A missa da Ceia do Senhor, relembra 4 pontos fundamentais: a Eucaristia, pão e vinho que tornam presente o sacrifício redentor de Cristo; a instituição do sacerdócio quando Jesus diz: fazei isso em memória de mim; o mandamento do amor que é o caminho da vida e salvação, síntese de tudo o que Jesus foi e ensinou; a humildade, maior virtude, para viver como Jesus viveu. Mais bonito ainda é ver Jesus sintetizar tudo isso na cerimônia do Lava-pés. Ali está o sacerdócio como serviço, a maneira de amar com humildade e a explicação da Eucaristia e da morte-ressurreição de Jesus, modo de Deus amar e servir o mundo, vivido e ensinado pelos cristãos: partir e repartir. Após a missa temos a adoração silenciosa junto à agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. Simples: ma bacia e uma toalha, resume muito.
Uma cruz e uma lágrima.
Não temos missa na Sexta-Feira Santa, pois o sacrifício celebrado na missa se realiza em Jesus Crucificado. Ali, o Deus-Homem chega ao absurdo do amor: entregar-se pelos que ama. “Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos”. Ele era nosso amigo quando não éramos ainda seus amigos. Última gota de sangue, última prova de amor. Na liturgia das 15 horas celebramos a morte de Jesus. Ela se torna presente. Ouvimos a Palavra de Deus que proclama a presença desta morte, rezamos por todas as necessidades do mundo e adoramos Jesus morto sobre o madeiro. Quanta dor e sofrimento no Filho, na Mãe e nos amigos! “Uma espada traspassará tua alma”. Mãe das Dores, rogai por nós. Ao final temos a Comunhão. Celebramos Cristo morto, mas Ele está vivo.Por isso podemos participar totalmente de seu mistério pela comunhão de seu Corpo e Sangue redentores.
Um túmulo vazio.
Passamos o Sábado no silêncio ao lado do túmulo silencioso. Não há celebração, há somente a dor silenciosa pela morte de um Deus. Nosso Deus não mata, morre por nós. À hora noturna iniciamos a celebração da Vigília Pascal. É o dia que escolhi para ir para o Céu. Lindíssimo. Celebro este mistério com uma alegria incalculável. É o fogo novo, a proclamação da Páscoa, as leituras, a renovação das promessas do batismo, a celebração Eucarística. Ressuscitamos com Ele. Passemos estes dias ouvindo a Palavra e abrindo o coração.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2003
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