quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Um novo modo de viver”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Algo mais para o cristão
               O algo mais que dá sentido à proposta de Jesus não foi revogar a Lei, mas levá-la à plena realização. Com o passar do tempo, muitos outros preceitos foram acrescentados à Lei de Moisés chegando a 248 mandamentos e 365 proibições, totalizando 613 preceitos. Ele foi fiel à lei, não às interpretações que tomaram o lugar do sentido profundo da Lei. O panorama religioso de Israel, no tempo de Jesus, era o exteriorismo dos fariseus e o ateísmo dos saduceus. Eles se punham como mestres e assim controlavam o povo. Para Jesus, os mandamentos não são proibições, mas expressões do amor a Deus e ao próximo. Os mandamentos têm uma compreensão progressiva num respeito sempre maior à pessoa do irmão. Jesus exemplifica mostrando que a nova justiça aprofunda o sentido dos mandamentos. No tocante ao quinto mandamento, não matarás, afirma não só o respeito à vida física, mas o amor ao próximo, toda a palavra que fere e mata. Pelo próximo, se deve até interromper o sacrifício iniciado para se reconciliar (Mt 5,23-24); ceder ao inimigo para evitar que aumente o espiral da violência (25). O adultério não só de uma ação física, vai ao fundo do coração. O adultério do coração está na relação direta com a fidelidade de Deus que é fundamento do matrimônio. Quanto o juramento: Todo aquele que mente, fere a verdade de Deus. Unidos pela fé em Jesus, a verdade é sempre a direção da vida.  Tudo que é mentira é do maligno. A fidelidade à verdade não precisa de documentos. Basta o sim, sim; o não, não. Há diferença entre a lei de Deus que deve ser cumprida até o fim e as interpretações dos fariseus que se tornam leis. A Igreja corre o risco de dar mais valor às interpretações do que à Lei Nova de Jesus que se funda na misericórdia e na caridade. Não se devem impor sobre os fiéis fardos que, como diz Jesus, não ajudamos a carregar (Mt 23,4).
Sabedoria de Deus.
            “Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus.... Sabedoria escondida que desde a eternidade Deus A destinou para nossa glória” (1Cor 2,6-7). A revelação de Deus para nós não é comunicação de verdades, mas participação de Sua sabedoria. Pela falta da sabedoria de Deus em nós, não entendemos a novidade de Jesus e continuamos repetindo os mesmos erros do passado. Jesus insiste nesta sabedoria: “Eu porém vos digo”. Jesus tem a autoridade para levar a lei à perfeição, de purificá-la das leis humanas, desalojar os donos deste poder espiritual e instaurar a sabedoria de Deus. A nova lei é a sabedoria de Deus em nosso meio. Nossa sabedoria é viver o mandamento no íntimo do coração onde habita Deus. A perfeição que Jesus apresenta vai ao fundo do coração humano. Na Igreja há  pessoas que se fazem donos e criam costumes que obscurecem a sabedoria de Jesus
Surpresas de Deus.
            “A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus” (2Cor,2,10). Recebemos a sabedoria de Deus pelo Espírito que nos foi dado. Os que vivem esta sabedoria podem perceber “o que Deus preparou para os que O amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” (10). Recebemos o convite de purificar nossa fé de tudo aquilo que fere a beleza do mandamento e a nova Lei de Jesus. Por isso, em cada Eucaristia, ouvimos a Palavra que nos instrui na sabedoria.

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