sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Ricos diante de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Construindo celeiros
               Jesus orientava seus discípulos a partir das situações concretas em que se encontravam. Um homem lhe pede: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo a herança” (Lc 12,13). As questões de herança são foco de muita dificuldade e inimizade nas famílias. Nunca a gente vê filhos brigando para dividir as preciosas heranças que seus pais deixaram com o testemunho de vida e ensinamentos. Então Jesus tem razão em dizer: “A vida do homem não consiste na abundância de bens” (15). Jesus, que é a vida plena, e é rico em misericórdia, insiste no perigo não dos bens, mas da ganância. Ensina o equilíbrio da vida entre os bens materiais e o verdadeiro valor da vida. Ele tem um ensinamento muito claro sobre a riqueza e pobreza: “Felizes os pobres de Espírito, porque deles é o Reino dos Deus” (Lc 6,10); Diz também que dificilmente um rico entrará no Reino de Deus” (Lc 18,24); Lucas coloca o mesmo pensamento nos lábios de Maria: “Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 1,53). Jesus não condena a riqueza mas o uso com ganância e a absolutização dos bens materiais. O dinheirinho é bem inocente, nós não o somos tanto. Jesus conta então a parábola do homem que teve colheita boa, aumentou os depósitos. Até aí tudo bem. E depois diz a si mesmo: “Tens uma reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe e aproveita!”. A vida traz muita surpresa: “Deus lhe diz: “Louco! Ainda nesta noite pedirão conta de tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” (19-21). Ele se esqueceu do sentido de todos os bens: é ser rico para Deus. A ganância que quer sempre mais para ter mais, não condiz com o ensinamento de Jesus que nos quer felizes. É preciso administrar bem nossa vida.
Coisas do alto
               O Senhor quer que tenhamos a vida voltada para os bens que duram para sempre. Não significa desprezar os bens terrenos, mas com eles adquirir os bens eternos. Tudo passa como um sonho, pois somos pó (Sl 89). Jesus diz: Onde estiver vosso tesouro, aí estará o vosso coração”. Por isso Paulo nos estimula: Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto... aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Podemos fazer a ligação entre riqueza e morte com pobreza e bens celestes. A vida de ressuscitados inclui a superação dos vícios que são frutos de riquezas mal administradas: “Fazei morrer o que pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça” (Cl 3,5). Isto é “revestir-se do homem novo que se renova segundo a imagem do seu Criador” (9). Isso é ser rico diante de Deus.
O Senhor é um refúgio
            A liturgia é um momento de oração em que buscamos luzes e graças espirituais para viver o que nos foi ensinado. Sabendo que somos pó, que “nossos dias passam como um sono da manhã” e que nossa vida é como a flor do campo que se seca facilmente, o salmo 89 nos leva a rezar: “Ensinai-nos a bem contar nossos dias e dai ao nosso coração sabedoria”. Deus nos ajuda com sua graça na procura do bem viver na fragilidade e na riqueza da vida, por isso rezamos: “Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos o dia todo. Que a bondade do Senhor repouse sobre nós e nos conduza. Tornai fecundo, Senhor, nosso trabalho”. Não sejamos loucos, mas benditos!
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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