domingo, 3 de abril de 2016

Homilia do 2º Domingo da Páscoa (03.04.16) “Maravilhas fez o Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Eterna é sua misericórdia
            Vivendo o Tempo Pascal, nesse segundo domingo, estamos no coração do Mistério de Cristo que é a expressão de misericórdia de Deus. Sem merecermos, Deus nos redimiu usando de misericórdia conosco. Temos que tomar cuidado com o tema de misericórdia, pois podemos nos perder no devocionismo ou no sentimentalismo. Misericórdia não é sinônimo de dó e coração mole que vendo o sofrimento dos outros e não faz nada. Deus, ao contrário, quando ainda éramos pecadores, usou de misericórdia para conosco (Rm 5,8-9) e enviou seu Filho. Não só se encarnou, deu sua vida e ressuscitou por nós, mas ainda nos deu seu Espírito. Mesmo glorioso, não deixa de estar no meio de nós continuando sua obra e levando-nos a continuar sua missão. Estamos vivendo o Ano Santo da Misericórdia. O sentido desse Ano não é somente para receber graças e conseguir um perdão geral de nossos pecados, mas sermos nós os continuadores dessa misericórdia. A missão é criar um mundo (em volta de nós) que se estruture na obra de reconciliação na qual todos tenham vida, lugar, condições, futuro e paz. Por isso Jesus insiste duas vezes nas palavras da saudação hebraica: A paz esteja convoco. Paz é o Shalom de Deus no qual estão todos os bens temporais e espirituais. Conciliação não é só fazer uma confissão para pegar “ticket” para a comunhão, mas ser transformador do mundo. Sozinhos, achamos que não fazemos nada, mas juntos, como comunidade, podemos muito. Uma formiga sozinha pouco faz, mas se estão juntas, removem montanhas. A força dos fracos está no Espírito.
Misericórdia vivida na comunidade.
            Lucas escreve nos Atos dos Apóstolos que “crescia o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres... eram estimados pelo povo” (At 5,14). Jesus manifesta-se aos discípulos reunidos e os instrui sobre sua missão: O Espírito é dado para a reconciliação, a fé não é tocar, mas crer; o anúncio é para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo tenham a vida em seu nome. Por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dava sobre Jesus, João foi exilado para a ilha de Patmos. Os que creram em Jesus logo experimentam a força da perseguição. A comunidade é o lugar da presença de Jesus, por isso a misericórdia é exercida através dos discípulos como testemunho e anúncio. A força de Jesus estava neles, pois, de todos os lados transportavam os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra tocasse neles (At 5,15). Vemos a passagem da presença transformadora de Jesus para os apóstolos.
A misericórdia age em nós
            Na celebração pascal, não somente lembramos um fato e fazemos memória dele, vivendo sua presença atuante entre nós, como o levamos para a vida como estímulo ao crescimento da fé. Por isso rezamos na coleta da missa: “Ó Deus de eterna misericórdia, que reascendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. A Páscoa tem a finalidade de fortalecer a fé para maior compreensão da vida cristã que nos veio através do batismo e se fortalece na força do Espírito e na Eucaristia. A Páscoa não é uma celebração que se esgota no momento do rito eucarístico. Ela está presente em todos os sacramentos e na vida cristã do dia a dia. Onde existe amor, ali acontece a Ressurreição.
Leituras: Atos 5,12-16;Salmo117;Apocalipse 1,9-11ª.12-13.17-19;João 20,19-31.

1.    A misericórdia está no coração do Mistério Pascal de Cristo. Acolhendo a misericórdia que Deu nos oferece não só recebemos a graça, mas somos continuadores de sua missão de misericórdia.

2.   A comunidade é o lugar da presença de Jesus, por isso a misericórdia é exercida através dos discípulos como testemunho e anúncio.

3.   A celebração Pascal está presente em todos os sacramentos e na vida cristã do dia a dia. Onde existe amor, ali acontece a Ressurreição.

Quando o atraso chega a tempo

            Tomé pegou fama de chegar atrasado a tudo, pois até quando Nossa Senhora chegou ao fim de sua vida, ele chegou atrasado. E por conta disso, descobriram que ela fora para o Céu em corpo e alma.
            Quando Jesus aparece para os discípulos pela primeira vez, Tomé não estava. Não acreditou. Quando Jesus Se manifestou novamente, oito dias depois, Tomé estava. Então Jesus não deixa de dar um raspa nele dizendo: “Acreditaste porque viste. Felizes os que vão crer sem ter visto”. Sobrou o lado bom para nós, pois cremos ser ver.
            Os apóstolos têm diante de si Jesus vivo, mas diferente, pois é ressuscitado e glorificado. Não é imaginação, não é uma foto, não é um fantasma. É Ele, mas agora ressuscitado.
            Jesus Se manifesta para dar o Espírito e enviar os discípulos para a missão de perdão dos pecados. Esse perdão é para fazer a reconciliação universal e não somente algo pessoal.
            A presença de Jesus dá a certeza que Ele é o glorioso, junto do Pai.
Jesus dissera que os apóstolos fariam sinais (milagres) maiores do que os Dele. Assim aconteceu. Até a sombra de Pedro estava curando. Eles são as testemunhas que anunciam que Jesus está vivo e glorioso junto ao Pai. Sua palavra convertia as pessoas. Já se estabelece aí o primeiro núcleo da comunidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário