PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Eterna
é sua misericórdia
Vivendo
o Tempo Pascal, nesse segundo domingo, estamos no coração do Mistério de Cristo
que é a expressão de misericórdia de Deus. Sem merecermos, Deus nos redimiu usando
de misericórdia conosco. Temos que tomar cuidado com o tema de misericórdia,
pois podemos nos perder no devocionismo ou no sentimentalismo. Misericórdia não
é sinônimo de dó e coração mole que vendo o sofrimento dos outros e não faz
nada. Deus, ao contrário, quando ainda éramos pecadores, usou de misericórdia
para conosco (Rm 5,8-9)
e enviou seu Filho. Não só se encarnou, deu sua vida e ressuscitou por nós, mas
ainda nos deu seu Espírito. Mesmo glorioso, não deixa de estar no meio de nós
continuando sua obra e levando-nos a continuar sua missão. Estamos vivendo o
Ano Santo da Misericórdia. O sentido desse Ano não é somente para receber
graças e conseguir um perdão geral de nossos pecados, mas sermos nós os
continuadores dessa misericórdia. A missão é criar um mundo (em volta de nós)
que se estruture na obra de reconciliação na qual todos tenham vida, lugar,
condições, futuro e paz. Por isso Jesus insiste duas vezes nas palavras da
saudação hebraica: A paz esteja convoco. Paz é o Shalom de Deus no qual estão
todos os bens temporais e espirituais. Conciliação não é só fazer uma confissão
para pegar “ticket” para a comunhão, mas ser transformador do mundo. Sozinhos,
achamos que não fazemos nada, mas juntos, como comunidade, podemos muito. Uma
formiga sozinha pouco faz, mas se estão juntas, removem montanhas. A força dos
fracos está no Espírito.
Misericórdia
vivida na comunidade.
Lucas
escreve nos Atos dos Apóstolos que “crescia o número dos que aderiam ao Senhor
pela fé; era uma multidão de homens e mulheres... eram estimados pelo povo” (At 5,14). Jesus
manifesta-se aos discípulos reunidos e os instrui sobre sua missão: O Espírito
é dado para a reconciliação, a fé não é tocar, mas crer; o anúncio é para que
creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo tenham a vida em seu
nome. Por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dava sobre Jesus, João
foi exilado para a ilha de Patmos. Os que creram em Jesus logo experimentam a
força da perseguição. A comunidade é o lugar da presença de Jesus, por isso a
misericórdia é exercida através dos discípulos como testemunho e anúncio. A
força de Jesus estava neles, pois, de todos os lados transportavam os doentes
em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra
tocasse neles (At 5,15).
Vemos a passagem da presença transformadora de Jesus para os apóstolos.
A
misericórdia age em nós
Na
celebração pascal, não somente lembramos um fato e fazemos memória dele, vivendo
sua presença atuante entre nós, como o levamos para a vida como estímulo ao
crescimento da fé. Por isso rezamos na coleta da missa: “Ó Deus de eterna
misericórdia, que reascendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal,
aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que
nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. A Páscoa
tem a finalidade de fortalecer a fé para maior compreensão da vida cristã que
nos veio através do batismo e se fortalece na força do Espírito e na
Eucaristia. A Páscoa não é uma celebração que se esgota no momento do rito
eucarístico. Ela está presente em todos os sacramentos e na vida cristã do dia a
dia. Onde existe amor, ali acontece a Ressurreição.
Leituras: Atos 5,12-16;Salmo117;Apocalipse
1,9-11ª.12-13.17-19;João 20,19-31.
1.
A misericórdia
está no coração do Mistério Pascal de Cristo. Acolhendo a misericórdia que Deu
nos oferece não só recebemos a graça, mas somos continuadores de sua missão de
misericórdia.
2.
A comunidade é o lugar da presença de Jesus, por isso a
misericórdia é exercida através dos discípulos como testemunho e anúncio.
3.
A celebração Pascal está presente em todos os
sacramentos e na vida cristã do dia a dia. Onde existe amor, ali acontece a
Ressurreição.
Quando o atraso chega a tempo
Tomé
pegou fama de chegar atrasado a tudo, pois até quando Nossa Senhora chegou ao
fim de sua vida, ele chegou atrasado. E por conta disso, descobriram que ela
fora para o Céu em corpo e alma.
Quando Jesus aparece para os
discípulos pela primeira vez, Tomé não estava. Não acreditou. Quando Jesus Se
manifestou novamente, oito dias depois, Tomé estava. Então Jesus não deixa de
dar um raspa nele dizendo: “Acreditaste porque viste. Felizes os que vão crer
sem ter visto”. Sobrou o lado bom para nós, pois cremos ser ver.
Os apóstolos têm diante de si Jesus
vivo, mas diferente, pois é ressuscitado e glorificado. Não é imaginação, não é
uma foto, não é um fantasma. É Ele, mas agora ressuscitado.
Jesus Se manifesta para dar o
Espírito e enviar os discípulos para a missão de perdão dos pecados. Esse
perdão é para fazer a reconciliação universal e não somente algo pessoal.
A presença de Jesus dá a certeza que
Ele é o glorioso, junto do Pai.
Jesus dissera que os apóstolos fariam sinais (milagres) maiores do que
os Dele. Assim aconteceu. Até a sombra de Pedro estava curando. Eles são as
testemunhas que anunciam que Jesus está vivo e glorioso junto ao Pai. Sua
palavra convertia as pessoas. Já se estabelece aí o primeiro núcleo da
comunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário