PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Encontramos
o Messias
Iniciamos
o Tempo Comum. Na passagem do Tempo do Natal para o Comum, temos a celebração
deste segundo domingo que faz parte da Manifestação do Natal. Este aspecto não
é salientado. O evangelho do domingo é de João e não dos sinóticos. Estamos
ainda no acolhimento da Manifestação de Senhor. Contemplamos os pastores que
vieram e se foram, assim como também os Magos. No Batismo, Jesus é ungido e vai
para o deserto. Na Manifestação aos discípulos, apresentados por João ou em Caná,
nós temos o acolhimento dos discípulos à pessoa de Jesus. Exclamam:
“Encontramos o Messias” (Jo 1,41).
Inicia-se a concretização da fé numa comunidade de acolhimento e anúncio:
“André... foi encontrar seu irmão Simão... e o conduziu a Jesus” (Jo 1,41-42). Iniciamos o ano pela vocação dos
primeiros e exemplificada pela vocação de Samuel. Deus se mostra em Jesus e
pede uma resposta de aceitação de fé. Samuel e os discípulos partem do
desconhecido. “Mestre, onde moras?”, dizem André e o outro discípulo. Samuel
diz, ao ouvir seu nome pela terceira vez: “Fala, Senhor que teu servo escuta” (1Sm 3,10). Para que se ouça o chamado como
manifestação de Deus, exige-se uma experiência do Senhor: “’Mestre, aonde
moras?’ – ‘Vinde e vede’”! Respondeu Jesus. Eles permaneceram com Ele aquele
dia. Eram 4 horas da tarde”(Jo 1,38-39). Por que João diz Cordeiro de Deus? No batismo
Ele o identifica com o Servo amado anunciado por Isaias (Is 42,1): “Tu és meu Filho amado” (Mc
1,11). A palavra filho, no caso, é a mesma que servo (παίς). Os
discípulos acolhem-no como Messias, o prometido, a partir de um conhecimento
pessoal. Em uma resposta nossa, para ter a fé, é preciso esse conhecimento
pessoal de Cristo e acolhimento de seu chamado.
Venho
fazer vossa vontade
Cristo
chama os discípulos. Deus chama Samuel. A submissão ao chamado da Palavra é a
obediência à vontade de Deus. O salmo faz uma bela leitura orante do chamado e
do acolhimento obediente: “Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes,
Senhor, meus ouvidos... Então eu vos disse: ‘Eis que venho!’ Sobre está escrito
no livro: ‘Com prazer faço vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!’” (Sl 39). A vontade de Deus é a voz do Espírito
que sempre ecoa em Jesus: “Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele
que me enviou” (Jo 5,30). Fazer a vontade
de Deus é reconhecer a presença do Espírito em nós e viver a moralidade dos
ressuscitados: “Vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e
que vos é dado por Deus” (1Cor 6,19). Podemos
falar como Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Sm 3,9).
Terra
fértil
Os discípulos deixaram João Batista e seguiram
Jesus. Samuel ouviu o chamado três vezes e levantou-se para responder. Simão,
que significa dócil ao chamado de Deus, é apresentado a Jesus que lhe muda o
nome para Pedro, com uma missão nova. De Samuel se diz: “Não deixava cair por
terra nenhuma de suas palavras” (1Sm 3,19).
A resposta ao chamado de Deus se dará no concreto da vida. Nosso agir se baseia
na presença do Espírito em nós. A Eucaristia é o momento fundamental da escuta
da Palavra e da experiência de Cristo que nos faz anunciadores: “Encontramos o
Messias”.
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