PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Mistério
do Batismo
Há unidade no Mistério de
Cristo. Ao celebrarmos, no Mistério Pascal, a Manifestação do Senhor, nós a
vemos sob diversos ângulos. A antífona das II Vésperas da Epifania nos faz
compreender esta unidade: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela conduz
os Magos ao presépio; Hoje a água se faz vinho para as bodas; Hoje Cristo, no
Jordão é batizado para salvar-nos. Aleluia!”. É um único Mistério. Falar em
mistério é dizer ação de Deus, da qual participamos através da celebração. Esta
festa do Batismo de Jesus não tem a atenção que merece por sua importância. Ela
é a entrada em sua vida pública, revelação do Mistério da Trindade, unção
messiânica de Jesus, definição da missão do Espírito, dimensão universal da
salvação. Celebrando o Batismo de Jesus nós acolhemos a “apresentação” que Deus
Pai faz de seu Filho ao povo judeu, nas águas do Jordão. Jesus vai ao rio
Jordão onde João batiza. Por ali o povo entrou na terra prometida. Por ali,
abre-se uma nova terra, o Reino de Deus. O batismo de João não é o nosso
batismo, e sim É um símbolo de purificação. Jesus, como já é puro, entrando nas
águas, purifica-as para nosso batismo. Nesse momento de seu Batismo, o Pai
apresenta Jesus como o Filho Dileto, no qual põe todo seu agrado (Mc 1,11). Dando-lhe o Espírito, unge-o como
Messias – Cristo, palavras que em hebraico e grego significam ungido. O
Espírito Santo desceu sobre Ele (Mc 1,10)
e lhe confere a missão, explicada por Isaias (Is
42,1-4.6-7). Apresentando-o aos judeus, dá-lhe uma missão universal: “Eu
te chamei para a justiça e te tomei pela mão. Eu te formei e te constituí como
centro de aliança do povo, luz das nações” (Is
42,6). Sua missão se define como amor do Pai até à cruz. Ele será sempre
conduzido pelo Espírito. Sendo o Filho Amado, será sempre anunciador do Amor do
Pai para com todos.
Passou
fazendo o bem
A figura do Servo sofredor é
atribuída a Jesus: “Eu te chamei... para abrires os olhos dos cegos, tirares os
cativos da prisão, livrares do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,7). Quando Pedro inicia o contato com os
pagãos, diz que “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo demônio,
porque Deus estava com Ele” (At 10,38). O Espírito
move-o a libertar, levar o direito, saber interpretar o projeto de Deus. Seu
Batismo o impele a fazer o bem, porque Ele é o Filho Amado que recebe todo amor
do Pai. Sua missão é transmitir esse amor. Pedro, indo à casa de um pagão, está
abrindo a missão de Jesus à universalidade, sobretudo por causa do amor sem
limites. É esse o programa que Jesus apresenta na sinagoga de Nazaré que lemos
em Lucas (Lc 4,16-19). A comunidade dos
batizados segue o caminho de Jesus, fazendo o bem.
Eu
sou um filho amado
O que mais
pode nos impressionar, em nosso Batismo, é receber a mesma palavra do Pai: “Tu
és o meu filho amado” (Mc 1,11). Sem essa
consciência, o Batismo não vai muito além de um rito. Cada um é filho, servo
amado de Deus. Para corresponder a este amor, cabe a cada cristão assumir a mesma
missão de Jesus, do Filho Dileto. Esse amor acontece quando passamos a vida
fazendo o bem, como fazia Jesus. Temos que revigorar nossa fé e fundá-la na fraternidade
que vive na Eucaristia.
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