Evangelho segundo S. João 7,1-2.10.25-30.
Naquele
tempo, Jesus percorria a Galileia, evitando andar pela Judeia, porque os judeus
procuravam dar-Lhe a morte. Estava próxima a festa dos Tabernáculos. Quando os seus parentes subiram a Jerusalém, para irem à festa, Ele subiu
também, não às claras, mas em segredo. Diziam então algumas pessoas de
Jerusalém: «Não é este homem que procuram matar? Vede como fala abertamente
e não Lhe dizem nada. Teriam os chefes reconhecido que Ele é o Messias? Mas
nós sabemos de onde é este homem, e, quando o Messias vier, ninguém sabe de onde
Ele é». Então, em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: «Vós Me
conheceis e sabeis de onde Eu sou! No entanto, Eu não vim por minha própria
vontade e é verdadeiro Aquele que Me enviou e que vós não conheceis. Mas Eu
conheço-O, porque d’Ele venho e foi Ele que Me enviou». Procuravam então
prender Jesus, mas ninguém Lhe deitou a mão, porque ainda não chegara a sua
hora.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
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Comentário do dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 12,
para a terça-feira antes dos Ramos
«Jesus partiu também para a festa [...], mas em
segredo»
Jesus disse-lhes: «Para Mim ainda não chegou
o momento oportuno; mas, para vós, qualquer oportunidade é boa. O mundo não pode
odiar-vos; a Mim, porém, odeia-Me, porque sou testemunha de que as suas obras
são más. Ide vós à festa. Eu é que não vou a essa festa, porque o tempo que Me
está marcado ainda não se completou» (Jo 7,6-8). O que é então esta festa à qual
Nosso Senhor nos diz para irmos e cujo tempo é a qualquer momento? A festa mais
elevada e a mais verdadeira, a festa suprema, é a festa da vida eterna, ou seja,
a felicidade eterna, onde estaremos verdadeiramente face a face com Deus. Não O
podemos ter aqui em baixo, mas a festa que podemos ter é antegozo daquela, uma
experiência da presença de Deus no espírito pela alegria interior, que nos dá um
sentimento muito íntimo da mesma festa. O tempo que é sempre nosso é o de
procurar a Deus e procurar o sentimento da sua presença em todas as nossas
obras, na nossa vida, no nosso querer e no nosso amor. Assim, devemos ascender
acima de nós mesmos e de tudo o que não é Deus, não querendo e não amando senão
a Ele, em total pureza, e nada de outra maneira. Este tempo é de todos os
instantes.
Toda a gente deseja este autêntico tempo de festa da vida
eterna; é um desejo natural, porque todos os homens querem naturalmente ser
felizes. Mas não basta desejar. É por Ele mesmo que devemos seguir a Deus e
procurá-Lo. Muitos gostariam muito de ter o antegozo do verdadeiro e grande dia
de festa, e lamentam que tal não lhes seja dado. Quando, na oração, não fazem a
experiência de um dia de festa no fundo de si próprios, e não sentem a presença
de Deus, entristecem-se. Rezam menos, fazem-no de mau humor, dizendo que não
sentem Deus e que é por isso que a acção e a oração os aborrecem. Aí está o que
o homem não deve fazer nunca. Nunca devemos fazer nenhuma obra desanimados,
porque Deus está sempre presente e, ainda que não O sintamos, Ele veio
secretamente à festa.
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