Há
momentos em que o olhar substitui todas as palavras. Diante da imagenzinha de
N.S.Aparecida sou convidado a contemplar. São poucos centímetros de altura.
Vale a pena conhecer os detalhes de sua história. Ficamos contemplando. Ela é
bonita e feita com muito sentimento que se expressa, à primeira vista, em seu
discreto sorriso de mãe. É um primeiro passo para entrar nesse mistério da
manifestação de Deus através de sua Mãe, Maria. A bondade de Deus se mostra
como encanto por sua misericórdia para com todos. Deus não tem ódio do ser
humano. Ela o ama, pois o fez assim. A firmeza do olhar recorda a certeza de um
Deus que é próximo. Não usa Anjos ou seres assustadores, mas sua própria Mãe.
Jesus dá o primeiro testemunho de sua obra de redenção como Filho amoroso. A
serenidade do rosto de Maria é fruto de seu encontro por Deus que acontece no
olhar permanente sobre seu Filho. Olhar que cuida, ama e protege. O porte
bonito apresentado pela imagem mostra que a beleza de Deus é para nossa alegria
e prazer. Ser de Deus é mais gostoso. As vestes belas, soltas e livres deixam
ver que Deus em nós é prazer e alegria, leveza e candura. Desde o primeiro
instante de seu encontro com os pescadores foi só alegria. Aqueles homens se
alegraram com os peixes, mas muito mais pelo carinho de Deus para com eles.
Conheceram Deus mais pelo amor que pelo milagre. Os milagres passam, o amor
fica. As mãos postas em oração revelam a atitude permanente de Maria que reza
por nós, mais ainda, que reza conosco: Vamos rezar, filhos!
1949.
Aprendendo a lição
A veneração dos santos não é adoração,
mas o reconhecimento de Deus através de um sinal acessível a nossa compreensão.
A fé não se faz somente em nossa mente ou em nossa fé intelectual. Como
dizemos: vemos com as mãos e cremos com todo nosso corpo. Tirar os sinais
sensíveis é negar a Encarnação de Jesus que se fez homem em nossa realidade.
João diz: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos
olhos, o que contemplamos, e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida...” (1Jo 1,1). João diz
que creu com as mãos, com os olhos e ouvidos. Assim os símbolos religiosos se
tornam um ensinamento. No encontro da imagem vemos muito de fraternidade. Ninguém
a fez para si. Por isso ela se fez para todos. Como o Pai do Céu tem cuidado
dos pequeninos, vemos no encontro da imagem e em toda a história dessa devoção,
que são os pequenos e humildes que buscam. Assim era com Jesus: Tal Mãe, tal
Filho. A fé que remove montanhas (Mt 17,20-21) é a força da fé humilde. Creram e continuam crendo
com simplicidade. A humildade fez os pescadores se perguntarem: “Por que
justamente a nós ela quis se mostrar dessa forma?”. São justamente esses os
prediletos das ações de Deus. O orgulho assusta até Deus. Terão se alegrado
grandemente no profundo de seus corações pelas predileções de Deus. Os milagres
se repetem em abundância.
1950.
A Mãe brasileira
Os Papas, de modo particular Papa
Francisco, demonstraram seu carinho e atenção para com Aparecida. Este foi de
um carinho especial para com a querida imagem. O símbolo não diminui a fé, e
abre espaço para um desenvolvimento integral da mesma fé. Por isso o povo
brasileiro se identificou tanto com N.S.Aparecida. Ela é tipo branco, cor negra
e cabelos de índio. Todos se identificam com ela. Somos parecidos com a Mãe.
Vamos à casa da Mãe, dizem os romeiros. Aqui se sentem em casa. Testemunhamos
esse sentimento quando transitam pelo santuário. É bonito ver as pessoas
andando ajoelhadas. Vi uma senhora se arrastando deitada ao solo. Cada um se
faz pequeno agradecendo o grande dom do milagre que recebeu.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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