PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
373. Novas
criaturas
A realidade de vida nova está
presente na mente dos cristãos dessas primeiras gerações. S. Pedro escreve em
sua carta: “Como criancinhas, desejai ao leite espiritual” (1Pd 2,2). Aconteceu
um novo nascimento. A consciência de que uma vida nova se inicia com o Batismo
está presente nos ritos batismais. Em Roma era um costume, no dia do Batismo,
no momento em os recém batizados entravam para a celebração, receberem um copo
de leite com mel. Era um ritual romano para o nascimento de uma criança. Era
sinal de acolhimento do novo membro na família. Assim eram considerados os
novos cristãos. A vida nova da graça se realizava pela vida nova das atitudes,
deixando de lado os vícios do homem velho, para viver a novidade do homem novo.
Não era só algo espiritual, mas um novo ser e por isso um novo modo de vida,
como podemos ler nas cartas de Paulo. Quando o Batismo é dado às crianças,
somente por tradição, perde-se toda a dimensão de vida nova. São João desenvolve a reflexão com a Palavra
Vida. Pela fé, no batismo, temos a vida eterna. Essa vida eterna é a união de
ser com o Pai, o Filho e o Espírito, como nos instrui a parábola da videira e
dos ramos onde circula a mesma vida. O rito do Batismo realiza exteriormente
essa realidade, o Espírito realiza no coração e vida de cada um essa novidade
de vida. A ressurreição acontecida no Batismo é o princípio dessa vida nova. A
espiritualidade pascal leva-nos a nos conscientizarmos dessa vida nova.
374. Viver
como irmão
Se somos filhos de Deus, somos
irmãos dos filhos de Deus. A vida nova dá-nos uma família, a família dos filhos
de Deus. Não é possível cristianismo sem comunidade. Ela é a união dos filhos,
pois se torna possível a prática do amor, que é o novo mandamento. João
escreve: “Nisso conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos
outros, como eu vos amei”. A união dos discípulos é a última tábua de salvação,
como lemos na oração sacerdotal de Jesus: “Que todos sejam um como Tu, ó Pai e
eu somos um”. Mantendo a unidade do amor mantemos o evangelho de Jesus. Viver
como irmãos é a maneira de ser dos discípulos de Jesus. Viver como irmãos no
amor, é assumir a atitude pascal de Jesus que se entregou ao estremo do amor,
como disse na Ceia: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os ao
extremo do amor” (Jo 13,1). Realiza sua Paixão sob símbolos: tomou uma bacia e
começou a lavar os pés dos apóstolos. Sua
Paixão foi um serviço humilde à humanidade. Amar será sempre prestar um serviço
humilde, como o foi o de Jesus. Não precisamos ter todos os homens e mulheres
pertencendo à Igreja, o que seria bom. O que não pode faltar à Igreja é por a
vida a serviço da humanidade. A meta da conversão não é atrair à Igreja, mas a
Jesus.
375. Corpo
de Cristo
A realidade da comunidade não é
somente um ajuntamento de pessoas, mas um corpo, Corpo de Cristo. Formamos com
Ele, nossa cabeça, um único corpo. Paulo escreve: “Vós sois o Corpo de Cristo”
(1Cor 12,27). Temos o belo texto onde escreve sobre a união dos membros em si e
a individualidade de cada um que se coloca a serviço do corpo em sua função.Em
lugar de comparação com uma videira, Paulo compara a um corpo. A mesma vida
circula pelos membros e pela Cabeça que é Cristo. Nós conhecemos a Igreja como
uma estrutura hierárquica, que mesmo importante, mas não elimina o que é fundamental.
Temos dado mais valor à estrutura, não à vida que anima. Por isso, muitos, não
se identificando com as estrutura históricas, abandonam tudo.
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