terça-feira, 11 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Vida nova”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
373. Novas criaturas
            A realidade de vida nova está presente na mente dos cristãos dessas primeiras gerações. S. Pedro escreve em sua carta: “Como criancinhas, desejai ao leite espiritual” (1Pd 2,2). Aconteceu um novo nascimento. A consciência de que uma vida nova se inicia com o Batismo está presente nos ritos batismais. Em Roma era um costume, no dia do Batismo, no momento em os recém batizados entravam para a celebração, receberem um copo de leite com mel. Era um ritual romano para o nascimento de uma criança. Era sinal de acolhimento do novo membro na família. Assim eram considerados os novos cristãos. A vida nova da graça se realizava pela vida nova das atitudes, deixando de lado os vícios do homem velho, para viver a novidade do homem novo. Não era só algo espiritual, mas um novo ser e por isso um novo modo de vida, como podemos ler nas cartas de Paulo. Quando o Batismo é dado às crianças, somente por tradição, perde-se toda a dimensão de vida nova.  São João desenvolve a reflexão com a Palavra Vida. Pela fé, no batismo, temos a vida eterna. Essa vida eterna é a união de ser com o Pai, o Filho e o Espírito, como nos instrui a parábola da videira e dos ramos onde circula a mesma vida. O rito do Batismo realiza exteriormente essa realidade, o Espírito realiza no coração e vida de cada um essa novidade de vida. A ressurreição acontecida no Batismo é o princípio dessa vida nova. A espiritualidade pascal leva-nos a nos conscientizarmos dessa vida nova.
374. Viver como irmão
            Se somos filhos de Deus, somos irmãos dos filhos de Deus. A vida nova dá-nos uma família, a família dos filhos de Deus. Não é possível cristianismo sem comunidade. Ela é a união dos filhos, pois se torna possível a prática do amor, que é o novo mandamento. João escreve: “Nisso conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros, como eu vos amei”. A união dos discípulos é a última tábua de salvação, como lemos na oração sacerdotal de Jesus: “Que todos sejam um como Tu, ó Pai e eu somos um”. Mantendo a unidade do amor mantemos o evangelho de Jesus. Viver como irmãos é a maneira de ser dos discípulos de Jesus. Viver como irmãos no amor, é assumir a atitude pascal de Jesus que se entregou ao estremo do amor, como disse na Ceia: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os ao extremo do amor” (Jo 13,1). Realiza sua Paixão sob símbolos: tomou uma bacia e começou a lavar os pés dos apóstolos.  Sua Paixão foi um serviço humilde à humanidade. Amar será sempre prestar um serviço humilde, como o foi o de Jesus. Não precisamos ter todos os homens e mulheres pertencendo à Igreja, o que seria bom. O que não pode faltar à Igreja é por a vida a serviço da humanidade. A meta da conversão não é atrair à Igreja, mas a Jesus.
375. Corpo de Cristo

            A realidade da comunidade não é somente um ajuntamento de pessoas, mas um corpo, Corpo de Cristo. Formamos com Ele, nossa cabeça, um único corpo. Paulo escreve: “Vós sois o Corpo de Cristo” (1Cor 12,27). Temos o belo texto onde escreve sobre a união dos membros em si e a individualidade de cada um que se coloca a serviço do corpo em sua função.Em lugar de comparação com uma videira, Paulo compara a um corpo. A mesma vida circula pelos membros e pela Cabeça que é Cristo. Nós conhecemos a Igreja como uma estrutura hierárquica, que mesmo importante, mas não elimina o que é fundamental. Temos dado mais valor à estrutura, não à vida que anima. Por isso, muitos, não se identificando com as estrutura históricas, abandonam tudo.

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