PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Espírito
é dom
Desde o início do mundo, o Espírito
paira como “vento que sopra onde quer e ouves o seu ruído mas não sabes de onde
vem e nem para onde vai” (Jo 3,8). Ele está sempre presente no caminho da
salvação, até fazer chegar o Verbo de Deus, o Filho, a ser homem e até constituí-lo
Senhor na glória com o Pai. Em Pentecostes, acontece um começo novo. Agora Ele
é difundido pelo Pai e por Cristo. Ele é o Espírito de Jesus e o poder de sua ressurreição.
Ele se comunica como uma pessoa. Jesus dá o Espírito como dom, como na Crisma dizemos:
“Recebe o Espírito Santo como dom”. Toda energia de vida dada aos fiéis pelo
Espírito, resume em si as maravilhas operadas pela salvação da humanidade. É
como se acontecesse toda a História da Salvação em cada um de forma total. O
Espírito Santo faz memória do dom de Deus para a Redenção. O Espírito realiza
nos fiéis o que realizou em Cristo, a ressurreição. O Pai o Ressuscitou pelo
Espírito. O Espírito revela o Cristo ressuscitado. Nós temos essa ressurreição
no sacramento do Batismo e sua continuação nos demais sacramentos. Participamos
do dom do Espírito que é sem medida (Jo 3,34).
A quem
perdoardes os pecados
Os discípulos tornam-se apóstolos, palavra que vem do verbo enviar. São
enviados, à missão, como Jesus o foi, pelo mesmo Espírito do Pai. Lembramos o
início do evangelho de Lucas que diz “impelido pelo Espírito Santo” (Mc 1,12),
pois Jesus se movia por Ele. Eles são penetrados pelo Espírito e se tornam,
mesmo na fragilidade, participantes da natureza divina (1Pd 1,4), o que é
concedido a todos nós. O Espírito gera o Corpo de Cristo que é a Igreja,
iniciando assim uma nova criação. Cristo não é só uma presença, mas Ele começa
a recapitular em si todas as coisas, realizando o projeto do Pai (Ef 1,10). Quando
Jesus dá o Espírito, diz: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os
pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo 21,22-23), não está se referindo a uma
confissãozinha cochichada, mas à grande reconciliação de todo o cosmos, pois o
pecado é universal.
O
Espírito gera um corpo novo
A oração da missa implora que o
Espírito continue agindo no mundo. O Espírito faz a Igreja. Nessa nova
comunidade, Ele é o Espírito do Ressuscitado que convoca, reúne e envia. Faz a
Igreja apostólica. A Igreja não é só uma estrutura hierárquica. Ela é fonte
visível e acessível, onde todos recebem a vida, pois ela é o Corpo de Cristo
que continua. Não podemos ter um relacionamento só devocional com o Espírito.
Não podemos também ter a Igreja baseada unicamente no aspecto sociedade
visível, pois ela é a irrupção das coisas de Deus. Do corpo de Cristo
ressuscitado jorra a vida em nosso mundo. No seio de Maria o Espírito fez do
Verbo Carne. No dia de Pentecostes penetra a carne de toda humanidade e faz
dessa carne, corpo de Cristo. Cada fiel vive e está unido ao corpo. Não somos um
amontoado de gente que chamamos de comunidade. Temos uma individualidade que
nos une à comunidade. O Espírito suscitou a fé no coração dos discípulos e os
uniu ao Corpo de Cristo. Nasceu assim a Igreja. Essa Igreja tem a presença do
Espírito permanentemente. Não temos o que aumentar, mas acolher. Não podemos
ter o Espírito como um pronto socorro de curas e dons maravilhosos. Por isso
pedimos que Ele realize em nós hoje as maravilhas que fez no início da pregação
da Igreja. Essas maravilhas são a revelação, para nós, de Jesus Ressuscitado e
nossa capacidade de anunciá-lo pela palavra e testemunho, unidos ao Espírito
revelador.
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