PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
coração de Deus
O
primeiro contato que temos com Deus , nós o encontramos dando vida. Nada além
do normal, pois Deus sempre cuida de sua criatura amada. Jesus, vindo da parte
do Pai, traz Seu coração amoroso. E como vive sob a potência do Espírito,
transmite a cada um a certeza de que quer a vida e a quer abundante (Jo 10,10).
Tem como missão destruir o mal que é obstáculo ao Reino de Deus e suas obras. Jesus
anula-o ao ensinar os ignorantes, perdoar os pecadores, aliviar a fome, curar
as doenças e ter a vitória sobre a morte. A morte é a última inimiga de Deusa
ser vencida (1Cor 15,26). Vamos à cena: Ao chegar a Naim, encontra,à porta da
cidade, um enterro que leva um defunto, filho único de uma viúva. Diversos são filhos únicos. Jesus também é o
filho único. Deve perceber mais profundamente o drama. Situação da viúva era
dramática, não só pela perda, mas porque significa para ela a desgraça total dentro
da sociedade. Ela não herdava. “Jesus sentiu compaixão por ela e disse: ‘Não
chores’”. O verbo usado para sentir compaixão explica o termo - entranhas de
misericórdia. É ter a ternura como o seio materno tem pelo fruto de seu ventre.
O verbo usado indica o amor de Deus movido no profundo de seu coração terno. O
coração de Deus entende o coração materno sofrido. Deus é pai dos órfãos e juiz
das viúvas. As viúvas são consideradas no novo testamento, estado sagrado do
Senhor para dar-lhes vida. Está a dizer: ‘não temais, porque Deus está convosco’. Jesus toca o caixão. Esse gesto era proibido
pela lei, pois torna impuro, não podendo nem participar das celebrações, pelo
tempo determinado. A morte é a pior contaminação, a vida é a maior pureza. “Jesus aproximou-se, tocou o caixão e disse: ‘Rapaz,
eu te digo, levanta-te’”. O rapaz levantou-se e Jesus o entregou à sua mãe. A Palavra
de Jesus é de criação e de vida. É a ressurreição. O jovem participa da
ressurreição de Jesus. É um milagre que
vai além de um defunto, mas entra no mistério da morte e ressurreição de Jesus
das quais todos nós participamos. O profeta Jesus continua a missão de seu Pai.
Formando
nossos corações
A narrativa desse milagre não quer somente contar um fato maravilhoso.
Esse jovem experimentou em si a força da ressurreição e é figura da futura
ressurreição de Jesus. Reflete a alma humana com salmista que convoca os santos
da assembléia a louvar com ele: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes.
Tirastes minha alma dos abismos e me salvastes quando eu estava morrendo”.
Reflete a missão de Jesus que quer que todos se convertam e vivam. A conversão
é o caminho da vida. Mas, a proposta de Jesus vai mais longe e apela para uma
vida que seja plena. Deus não quer o sofrimento. Pelo Espírito forma nosso
coração para que tenhamos os sentimentos de Jesus que se compadece e dá a vida.
Assim realizamos sua missão que era de dar vida.
Quem
dá a vida é de Deus
Paulo, na segunda leitura
(Gl1,11-19) afirma que não aprendeu o evangelho por ensinamentos, mas por uma
revelação pessoal. Ele mesmo fora um perseguidor. Mas nele havia uma escolha do
Deus da Vida. O Cristão tem uma vocação à vida. Diante da ressurreição do jovem
de Naim, nós nos decidimos pela grande missão de dar a vida a todos os ambientes
em que estamos. Há muita morte, sofrimento, dores inúteis que podem ser
ressuscitadas. É nossa oportunidade de ser como Paulo, homem do evangelho de
Jesus. Deste modo poderemos estar unidos à ressurreição que Jesus nos dá.
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