sábado, 8 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Lançai as redes e achareis”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
É o Senhor! 
A liturgia desse tempo pascal quer nos mostrar a vida da comunidade à luz do Ressuscitado. Existem fatos imediatos à Ressurreição, como a pesca milagrosa e o diálogo com Pedro no qual Jesus diz: “Simão, tu me amas mais do que esses?” (Jo 21,15). Existe também a realidade da comunidade para a qual João escreve. Houve um rápido crescimento dos discípulos, fruto da pregação. O mar, no qual passaram a noite sem nada pescar, é o mundo com tantos povos, tantos quantos os peixes que pegaram. Por que a pesca é abundante? Por que lançaram as redes à direita? Direita é o lugar Cristo está assentado ao lado do Pai (Mc 16,19). Ele não é mais o peregrino das estradas, mas o Senhor (Kyrios) - Deus. Os discípulos percebem que não é por seu esforço pessoal que realizam a pescaria da pregação, mas pela palavra do Senhor. Como se explica que a pregação surta tão grande efeito? Porque está unida à Palavra do Senhor. Os 153 peixes pescados, entre os vários sentidos, são o número dos povos conhecidos. Curioso é o fato de que Jesus não lhes oferece do peixe pescado por eles. Quando chegam à praia já há fogo, pão e peixe. A palavra peixe em grego (ixtys), é monograma de Cristo que diz: Jesus Cristo, de Deus Filho Salvador. O resultado provém da fé dada por Jesus. Essa fé em sua divindade, é a razão do efeito da pregação da Palavra. Pedro recebe de Jesus naquela noite a missão de apascentar as ovelhas de Jesus, mesmo sempre frágil. Jesus lhe pergunta se ele O ama com amor divino. Pedro responde 3 vezes, que ama com amor humano e frágil. Mesmo assim Jesus confia nele. Que bela frase: “Senhor, tu sabes tudo, sabes também que te amo”. Há entre o discípulo e o mestre um afeto que supera o conhecimento. A missão é divina e humana. 
É preciso obedecer a Deus 
A pregação é a vida da comunidade. Os apóstolos foram presos, maltratados e julgados pelos chefes do povo, mas felizes por sofrer por Jesus. Os chefes proíbem que preguem em nome de Jesus. A resposta é magnífica: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5,29). A obediência a Deus é anunciar que ‘Aquele que matastes, Deus o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados (30-31). É o núcleo da pregação apostólica. Nele está a diferença fundamental do ensinamento judaico. Deus começou um mundo novo com a Ressurreição de Jesus. É esse núcleo que deve ser ensinado para que se tenha a fé. A garantia dessa pregação está na Ressurreição, da qual os apóstolos são testemunhas: “Disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (32). A Ressurreição não é um discurso, mas um fato que mudou a vida dos apóstolos. Eles têm segurança em sua pregação porque comeram e beberam com Eles depois de ressuscitado dos mortos. Lançar as redes, será sempre em nome dEle. 
Um culto universal 
A comunidade tem consciência também de sua união com seu Senhor. Mesmo que Ele tenha se “retirado por um pouco de tempo”, Ele está presente como Senhor do Universo, como lemos no livro do Apocalipse (5,11-14). Ele é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e força, a glória e o louvor. Todas as criaturas da terra e do mar e tudo que neles existe dão o louvor. A comunidade tem consciência de que seu louvor vai além de suas palavras e gestos, e se une a toda a Igreja, Corpo de Cristo. Também as criaturas o louvam. A celebração da comunidade passa do humano ao divino.

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