A fonte fundamental da vida cristã é o Mistério Pascal de Cristo, isto é, sua Encarnação e passagem para o Pai através da Morte e Ressurreição. É fundamental, pois é por ele que entramos em comunhão com Deus. Nesta Semana Santa temos a oportunidade de penetrar mais este dom de Jesus. Ele é o dom. Na Última Ceia deu-nos concretamente a participação de sua missão e Vida! E um momento estraordinário: Deu um exemplo de humildade, lavou os pés dos apóstolos, instituiu o sacramento da Eucaristia no pão e no vinho, deixou-nos o mandamento do amor, inaugurou um novo modo de ser sacerdote e mandou fazer o que Ele estava fazendo. Todas estas realidades se fundem em uma só: Cristo dá sua vida em resgate para manifestar o amor do Pai. Fazer o que fez. Mas é Ele que continua agindo. Ele garante sua presença e ação. A Eucaristia, tão simples, uma pequena refeição simbólica, é tudo o que Ele fez por nós e nos ensinou a fazer. Assim temos a salvação hoje. Deus tem infinitos modos de nos dar a salvação. Na Eucaristia temos a salvação e os meios conseguí-la. Ela é completa. Não depende só de nós, mas é um dom de Deus que se entrega no pão e no vinho para tornar presente sua Vida como comunhão e transformação interior e do mundo todo. Ele é um rito, mas acima de tudo uma presença. Não lemos um papel. Celebramos um mistério. Os símbolos da celebração realizam em nós o que realizamos em Cristo.
Um amor de se derramou
É assustador ver o sangue derramado por Jesus na Cruz. Como pudemos chegar a esse ponto de tanta dor e crueldade. Mas, maior e mais assustador é ver que tudo isso é um pequeno sinal do quanto Deus nos ama e o quanto ainda faz por nós. O fato de vir a nós em Jesus, foi muito maior que a morte, pois foi entrega total de amor. O sangue de Jesus foi muito, mas o amor foi muito maior. Seu amor foi uma grande onda que arrasou o mal. Se não somos levados à conversão vendo o amor derramado na cruz, nada poderá nos converter. Podemos perguntar: Se Ele pagou por todos os nossos males, por que temos ainda que sofrer tantos males? Basta fazer tudo no amor, com amor e para o amor, que estanca a onda do mal que é menor que o tsuname do AMOR. A Sexta-Feira Santa deveria se chamar, o dia eterno do Amor. Foi neste amor que Ele teve a ressurreição. Neste dia não há celebração da missa, pois sua Morte já é a celebração.
Vida que nasce do Amor
Aquele sábado foi doloroso. Sentimos que eles estavam dissolvendo-se de dor, de desilusão, sem palavras para explicar. E agora? Nós participamos de sua dor, tanto assim que neste dia celebramos as dores de Maria, mas vamos mais longe, a união com a Igreja que espera a Ressurreição. Celebramos a santidade deste dia, como diziam os antigos, enquanto o rei dorme. Não havia nada neles que dissesse outra coisa. Os inimigos estavam felizes e se cumprimentando. A paz definitiva, contudo, germinava no fundo de um túmulo. Jesus chegara ao máximo da fragilidade humana que assumira na Encarnação. Ali chegara por sua entrega total. Quando chega ao nada da condição humana, por amor, chega à totalidade do amor de Deus que é vida. Deus o ressuscita. Hoje nós labutamos por um pouco de silêncio para silenciar tudo e estar com Ele e com todos os que não tem quem olhe para eles e possa ouvir seus silêncios de dor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário