terça-feira, 17 de outubro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Caminhar em Cristo com os irmãos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
O Ressuscitado e seu caminho
 
Aqueles últimos momentos da vida de Jesus entre os seus, como simboliza o apóstolo João, foram para eles um momento de colher as riquezas do coração de Jesus. Jesus mostrou a Tomé o lado aberto pela lança. Significava com isso que continuava a jorrar sangue e água que alimentaria os discípulos na caminhada. Naquele momento disse que iria preparar para nós uma morada na casa do Pai. Essa morada é construída quando o Filho é glorificado. No momento em que Jesus chega à realização completa de sua missão, nos tem unidos a Si. Na glória do Pai, com todo poder e glória, e Senhor do Universo, une os seus para a participação de sua Vida com o Pai. Para ir a sua glória, Ele é o Caminho. Para se fazer este caminho temos a direção que é a Verdade. É mapa para a Vida. Ele indica este caminho através de sua Palavra. Pedro escreveu que tropeçam na pedra, os que não acolhem a Palavra da Verdade. Ele é a Palavra e a Verdade. “Não há sob o céu outro nome dado aos homens pelo qual devemos ser salvo” (At. 4,12). Jesus é a Vida. Vida é a união a sua Pessoa que é a Verdade que conduz no Caminho que é Ele próprio. Ele é a única passagem para o Pai. Por isso disse: Eu sou a Porta para a entrada para Deus (Jo 10,9). Por Ele temos o conhecimento do Pai. O conhecimento que adquirimos do Pai é o mesmo que tem o Filho. Ele nos introduziu nesse conhecimento assumindo nossa humanidade para que pudéssemos entrar, por Ele, em comunhão de conhecimento com o Pai. Quando conhecemos o Pai? Quando acolhemos o Filho. “Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, como o Pai me conhece e conheço o Pai” (Jo 10,14). Ao dizer “quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9)... está a nos abrir a participação em sua Vida no Pai. Sua missão se completa quando estiverem com Ele na casa do Pai, “quando entregar o Reino a Deus Pai” (1Cor 15,24). 
A comunidade casa de Deus 
Nossa vida não é só pensar num futuro distante e nebuloso. Estamos já construindo este lugar na casa do Pai, na medida em que a edificamos aqui com as pedras espirituais que somos nós. Pedro, usando o símbolo das pedras espirituais que se ajustam, explica a casa de Deus na terra fundada sobre a pedra escolhida que é Jesus. Esta é a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, a nação santa, o povo que Ele conquistou para Si” (1Pd 2,4-5.9). Não se trata simplesmente da união de pessoas, povo, raça e sacerdócio. União entre nós e união com Deus pelos sacrifícios espirituais, isto é, a vida cristã vivida no amor e na dedicação. Por isso vemos que os apóstolos se preocuparam em organizar a comunidade com os diversos ministérios, como o dos diáconos, para a caridade (social). 
Continuamos o Redentor 
Ao construímos com Jesus, recebemos também sua missão. Viver na graça da Palavra, anunciá-la com nossa vida e nosso testemunho vai além de um trabalho. Ele nos constitui continuadores seus. Ele reuniu discípulos para estarem com Ele e serem enviados a anunciar (Mc 3,14). Jesus disse justamente isso quando explicou: “Quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores obras do que estas. Porque vou para o Pai” (Jo 14,12). Nós temos a missão de fazer Cristo presente através de nossa palavra e de nosso modo de viver. Para isso despojarmo-nos tudo que impede de chegar a cada pessoa e a alimente com sua Verdade, sua Vida e seja caminho para todos. 
Leituras: Atos 6,1-7; Salmo 32; 
1 Pedro 2,4-9; João 14,1-12. 
1. Jesus, nos últimos momentos instrui seus discípulos: Assegura-lhes que lhe preparará um lugar na casa do Pai, em sua glorificação da qual participam. Ele é o Caminho para chegar, a Verdade que encaminha e a Vida. Indica o caminho através da Verdade. Por Ele temos conhecimento do Pai, como Ele o conhece. Dá-nos a participação de sua Vida. A missão de Jesus se completa quando todos estiverem na casa do Pai. 
2. Construímos esta casa, já, na medida em que a edificamos com as pedras espirituais que somos nós fundados em Jesus. Não é só união de pessoa, mas povo, raça, sacerdócio que une ao Pai e entre si. Esta união se faz pelo amor e dedicação. Por isso os apóstolos organizam a vida da comunidade com os serviços. 
3. Ao construímos com Jesus recebemos sua missão: viver na graça e anunciar pelo testemunho da vida e testemunho. Nisso somos seus continuadores. Faremos suas obras e até maiores. Por nossa vida e palavra o testemunhamos. Por nosso despojamento permitimos que chegue a todos com sua Verdade, sua vida e seja Caminho para todos. 
Êta estradinha boa! 
Jesus, depois que voltou ao Céu, mesmo não se afastando de nós, deixou a comunidade dos cristãos com muitas perguntas ainda não respondidas. Entre elas podemos entender, por este evangelho, que eles queriam saber como se vai para o céu e como que é a vida por lá. A comunidade se organizava com os muitos serviços, como é o caso da escolha dos diáconos. Essa comunidade não pode ser compreendida somente como um grupo de pessoas amontoadas mas, como explica S. Pedro em sua carta, são pedras vivas que constroem um edifício que tem como alicerce o próprio Jesus. É, unidos a Ele, que construímos o edifício espiritual que é a Igreja. Jesus é o alicerce, dá o fundamento; é o Caminho pelo qual caminhamos; é o mapa, isto é, a Verdade que acreditamos e nos coloca no rumo certo; é a Vida que temos para caminhar e chegar à casa do Pai. Jesus sabe onde é, pois Ele e o Pai estão unidos em Um só. Na casa do Pai tem lugar para todo mundo. Quando Jesus fala que na casa do Pai há muitas moradas, não fala que vamos passar por diversas moradas até chegar lá. Não podemos imaginar com quanto amor Jesus prepara nossa casinha no Céu. Se Ele deu a vida por nós, imaginemos o que não fará por nós com vida plena. O cristão continua fazendo as obras de Jesus. Essas lhe garantem o futuro. 
Homilia do 5º Domingo da Páscoa (22.05.2011)

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