Evangelho segundo São Lucas 10,1-12.
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Ide. Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa".
E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem,
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"».
Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei:
"Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus".
Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1904-1964)
Missionária das pessoas da rua
A espiritualidade da bicicleta
«Ide. Eu vos envio»
«Ide», dizes-nos a cada passo do evangelho.
Para sermos no teu sentido, temos de ir,
mesmo quando a preguiça nos pede que fiquemos.
Escolheste-nos para vivermos num estranho equilíbrio.
Um equilíbrio que só pode ser estabelecido e mantido
no movimento, no impulso.
É como a bicicleta, que só se mantém de pé em circulação,
a bicicleta que fica encostada ao muro
até que alguém a monte,
e parta estrada fora.
A nossa condição é de insegurança universal, vertiginosa.
Quando nos pomos a olhar para ela,
a vida desequilibra-se e escapa-nos.
Só conseguimos manter-nos de pé caminhando, avançando,
num impulso de caridade.
Recusas-Te a dar-nos um roteiro para o caminho.
A nossa viagem decorre de noite.
Cada ação que fazemos é como um semáforo que se acende.
Muitas vezes, a única coisa que temos como certa é o cansaço habitual
de fazer todos os dias o mesmo trabalho,
de recomeçar as mesmas tarefas,
de corrigir os mesmos defeitos,
de evitar os mesmos erros.
À parte esta garantia
tudo está entregue à tua imaginação,
que pode fazer connosco o que quiser.
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